Oi, Valeria,

Minha msg foi uma provocação... Concordo com seu último parágrafo, como
tenh0 insistido aqui - sobretudo porque a noção de conjunto de máquinas
polinomiais, exponenciais, etc, só tem sentido se referida a algum sistema
formal.

Na prova de Kunen vc vê a indução transfinita, sob forma de um cálculo de
função que representa um sistema de notação de ordinais construtivos. PA não
sabe disso, mas a gente sabe: o cálculo chega ao fim.

2011/9/30 Valeria de Paiva <valeria.depa...@gmail.com>

> Doria,
> eu nao conheco a prova do Kunen, nao posso opinar.
>
> quanto a prova do Goedel, se voce estiver falando da prova que usa a
> interpretacao dialectica e a "negative translation" a razao pra nao
> acreditar 'e dupla: voce pode nao acreditar em logica classica,
> somente na intuicionistica e/ou voce pode nao acreditar que os
> funcionais necessitados pela interpretacao sejam razoaveis. tem uma
> discussao legal nos collected works editados pelo Feferman et al.
>
> pra terminar eu acho que tenho varias razoes pra nao acreditar nas
> nocoes usuais de teoria da complexidade. elas sao "coding" da pior
> especie, mascaram a realidade matematica, na minha opiniao.
>
> abs
> Valeria
>
> 2011/9/30 Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com>:
> > Por que não acreditar na prova de consistência de Goedel para PA? Ou na
> de
> > Kunen, baseada num algoritmo?
> >
> > 2011/9/30 Valeria de Paiva <valeria.depa...@gmail.com>
> >>
> >> Rodrigo,
> >> Muito obrigada pela informacao detalhada abaixo! Aprendi muito, mas
> >> continuo com uma duvidas basica.
> >>
> >> Nao, eu nao quero fazer "aritmetica limitada" e  nao quero perder
> >> consistencia.
> >>
> >> Mas quero saber se voce (e todo mundo que a gente acredita) tambem
> >> acha que PRA realmente 'e garantidamente consistente.
> >>
> >> obrigada,
> >> valeria
> >>
> >> 2011/9/29 Rodrigo Freire <freires...@gmail.com>:
> >> > Minha dúvida sobre o trabalho do Nelson é de outra natureza: mesmo que
> >> > todas as expectativas se confirmem e realmente a coisa esteja furada,
> >> > o que ainda poderá ser dito da *alternativa finitista* que ele propõe
> >> > para "consertar PRA"?  Será um sistema metamatemático cujo interesse
> >> > poderá subsistir de modo independente a todo o resto?
> >> >
> >> >
> >> >
> >> > Parte do trabalho do Nelson já está incorporada na lógica. Ele é um
> dos
> >> > precursores da aritmética limitada.
> >> > O livro predicative arithmetic, de 1986, está disponível online na
> >> > página
> >> > dele. Contém os primeiros passos do projeto dele.
> >> >
> >> > De especial interesse para lógicos é a aritmetização dos teoremas da
> >> > lógica
> >> > básica em sistemas interpretaveis em Q.
> >> > Ele segue o Shoenfield, cap. 1 a 4. Ele consegue provar uma boa parte
> >> > dos
> >> > resultados, mas não consegue alguns resultados centrais.
> >> > Nessa parte, acho que o melhor que ele conseguiu foi demonstrar o
> >> > teorema de
> >> > extensões funcionais (com unicidade) em um sistema compatível com Q e
> >> > sem
> >> > ter que fazer a prova enfadonha que tem no Kleene (que aliás é um
> livro
> >> > é
> >> > pouco humano). A prova desse teorema no Shoenfield não cabe em
> sistemas
> >> > aceitáveis para o Nelson.
> >> >
> >> > Os resultados centrais que ele não consegue: Hilbert-Ackerman,
> Herbrand,
> >> > Skolem (sobre extensões funcionais em geral) e tudo o mais relacionado
> a
> >> > esses. Por que não dá para obter esses resultados? Hilbert-Ackerman e
> >> > Herbrand provam a consistência de Q. O teorema de Skolem, eu não sei.
> >> > Quem
> >> > trabalha com aritmética limitada deve saber. O segundo teorema da
> >> > incompletude também é modificado.
> >> >
> >> > Como Hilbert-Ackerman tem um papel central para o Nelson, ele consegue
> >> > versões restritas do teorema (também dá para conseguir versões
> restritas
> >> > de
> >> > eliminação do corte e outros). Essa história de limitar rank e level
> das
> >> > constantes especiais nas provas é para isso: a teoria que ele chama de
> >> > Q* só
> >> > prova a consistência das "subteorias" tais que as provas são por
> >> > consequência tautológica de axiomas com rank e level limitados.
> >> >
> >> > Com isso ele consegue um mínimo de teoria de sistemas formais para,
> pelo
> >> > menos, dar sentido para "formalização". Não é grande coisa. Considero
> >> > que
> >> > perder Herbrand é muito sério: a pureza de métodos está indo embora.
> Mas
> >> > acho que é possível aceitar que trabalhando nessa aritmética limitada
> >> > como
> >> > metateoria dos sistemas formais (no lugar de PRA)  faz sentido falar
> em
> >> > "formalização".
> >> >
> >> > A partir daí você pode ter dois pontos de vista:
> >> >
> >> > 1) Essencialmente o ponto de vista de Hilbert trocando PRA por Q, Q* e
> >> > outras teorias dessa aritmética do Nelson. Nesse caso, você formaliza
> a
> >> > matemática em ZFC e trabalha normalmente, sempre lembrando que a
> >> > metateoria
> >> > é essa aritmética limitada. Isso vai gerar algumas preocupações só
> para
> >> > quem
> >> > trabalha em fundamentos. É preciso ver se forcing por exemplo é
> >> > finitário
> >> > nesse sentido. O resto da matemática fica igual. Não é possível dar
> >> > provas
> >> > de consistência, mas tudo bem, você continua praticamente como estamos
> >> > hoje.
> >> >
> >> > 2) O ponto de vista atual do Nelson: PRA é inconsistente. Aí eu acho
> que
> >> > não
> >> > dá para fazer nada. Nem entendo o que significam essas afirmações
> dele.
> >> > É
> >> > praticamente uma contradição referencial ele dizer que exibe dois
> >> > números n
> >> > e m tal que a tetração n tetra m não existe. É aquela pergunta: o que
> >> > faz o
> >> > algoritmo que calcula essa superexponencial em termos das anteriores
> >> > nesse
> >> > caso?
> >> >
> >> >
> >> > O erro desse trabalho do Nelson, que acredito já foi encontrado, está
> >> > onde
> >> > teria que estar. O erro está no plano básico do argumento, não em
> >> > detalhes
> >> > excruciantes de aritmetização (alguns desses detalhes podem ser
> >> > encontrados
> >> > já nesse livro de 1986). A aritmetização do teorema de Chaitin não
> >> > fornece o
> >> > que ele gostaria que fosse o caso. Se o erro estivesse em detalhes da
> >> > aritmetização, o argumento dele seria usado para provar que ZFC prova
> >> > que PA
> >> > é inconsistente, já que em ZFC não há problemas de falta de recurso
> para
> >> > codificação. Ou seja, se o plano dele estivesse correto, mas os
> detalhes
> >> > não, ele conseguiria pelo menos uma prova da inconsistencia de ZF, o
> que
> >> > já
> >> > seria suficientemente interessante. E ele está gastanto centenas de
> >> > páginas
> >> > de aritmetização e está apenas no começo...
> >> >
> >> >
> >> > Abraço
> >> > Rodrigo
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >> >
> >>
> >>
> >>
> >> --
> >> Valeria de Paiva
> >> http://www.cs.bham.ac.uk/~vdp/
> >> http://valeriadepaiva.org/www/
> >
> >
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> > --
> > fad
> >
> > ahhata alati, awienta Wilushati
> >
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