Oi João, respondendo só metade  da sua pergunta, a metade  mais fácil:
na verdade, a   bi-implicação na lógica   clássica  (e  em varias
outras) corresponde à soma no anel Booleano onde  a conjunção é  o
produto. Dessa forma, fica claro porque a  bi-implicação, sendo  soma,
é associativa, comutativa,  tem elemento neutro  (o top), etc.  A
coisa se  generaliza bem naturalmente para  lógicas  multivaloradas,
modais, etc. Tenho alguns artigos com diversos co-autores a esse
respeito, como vc talvez se  lembre.

Essa é uma vantagem de   se  preferir anéis   de polinômios em
detrimento de  álgebras de Boole (ao menos acredito eu).

O resto da questão ainda não sei... e não sei se vou saber.

Abraços,
Walter

Em 17 de maio de 2018 20:30, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:
> PessoALL:
>
> Em axiomatizações da lógica clássica, a *bi-implicação* frequentemente é
> introduzida como uma mera abreviatura a partir, digamos, de fórmulas
> contendo conjunções e implicações, ou contendo conjunções, disjunções e
> negações, apropriadamente combinadas.  Tal situação nem sempre é ideal, mas
> não é inteiramente fora de propósito: se a bi-implicação é tomada como um
> conectivo primitivo, de fato, suas axiomatizações terão de dar conta de
> propriedades pouco intuitivas da bi-implicação clássica, tais como a
> associatividade deste conectivo (poder-se-ia argumentar neste caso que se
> trata de um mero "efeito colateral" do princípio da casa do pombo, tendo em
> vista a bivalência da lógica subjacente).  Além disso, vale notar que tais
> definições alternativas não resistem ao enfraquecimento da lógica original,
> pois em fragmentos dedutivos da lógica clássica duas fórmulas classicamente
> equivalentes podem deixar de ser equivalentes, e passa assim a fazer
> diferença qual abreviatura é escolhida para introduzir o conectivo em
> questão.
>
> Estendendo o exemplo propriamente para o domínio não-clássico, gostaria de
> colher reações dos especialistas aqui sobre o seguinte ponto.
>
> Na lógica intuicionista a negação $\neg A$ de uma sentença $A$ é
> frequentemente introduzida *por definição* como a sentença $A\to\bot$, onde
> $\to$ é a "implicação intuicionista" e $\bot$ o "absurdo intuicionista",
> tomados como conectivos primitivos.  Como consequência, ao enfraquecermos a
> implicação ou o absurdo, pela consideração de um fragmento dedutivo da
> lógica intuicionista, pode ocorrer que a interpretação de $\neg$ como algo
> que mereça o título de "negação" seja prejudicada.
>
> Obviamente, para fragmentos da lógica intuicionista a abordagem supra-citada
> só faz sentido quando $\to$ e $\bot$ estão disponíveis.  De todo modo, tendo
> em vista o fato de que os conectivos intuicionistas não são em geral
> interdefiníveis, não é inconcebível que a introdução de certos conectivos
> por meio de abreviaturas possa em certas situações ser conveniente, por
> alguma razão... embora isto possa também passar a impressão de que tais
> conectivos assim introduzidos "não existem de verdade".
>
> A pergunta que lanço aqui é: ao trabalhar com *lógicas construtivas* (que
> sejam fragmentos da lógica clássica ou, digamos, de alguma extensão modal da
> lógica clássica), haverá alguma justificativa meta-lógica _razoável_ (em
> oposição a justificativas meramente ad hoc, formuladas convenientemente para
> "explicar" a teoria a posteriori) para considerarmos a negação como sendo
> preferencialmente introduzida por abreviatura, sempre que isto é possível?
> Situações em que tal abordagem pareceria não ser atraente, por exemplo,
> seriam aquelas em que a implicação e o bottom são suficientemente fortes
> para que a definição seja útil, mas a negação que se pretende introduzir é
> na realidade tanto paracompleta quanto paraconsistente (exemplo: lógica N4
> de Nelson).
>
> (A pergunta acima ---para a qual não há resposta certa ou errada--- é
> propositalmente vaga, de modo a tentar não tomar partido de nenhuma posição
> específica.  Com alguma sorte, contudo, a pergunta estará suficientemente
> clara para que os colegas possam emitir suas *opiniões* a respeito do
> assunto!)
>
> Abraços, JM
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Walter Carnielli
Centre for Logic, Epistemology and the History of Science and
Department of Philosophy
State University of Campinas –UNICAMP
13083-859 Campinas -SP, Brazil


http://www.cambridge.org/br/academic/subjects/philosophy/twentieth-century-philosophy/significance-new-logic?format=HB&isbn=9781107179028


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