Camaradas, eu não ia me pronunciar, mas diante dos absurdos q li aqui, não
dá pra ficar quieto.
Desculpem, mas muita gente aqui na lista de lógica precisa lembrar da
história pra não incorrer em falácia de suprimir evidências (posso crer q
não é intencional, mas não deixa de ser falácia).
Pra começar, mais soviéticos morreram na 2a Guerra do q judeus.  Camarada
Stalin é bem conhecido por essas e outras, mas não quero ser injusto com
ele sem lembrar os parças Churchill, De Gaulle et caterva.
E se há um direito à autodeterminação dos povos, o direito à existência dos
estados é uma invenção moderna, ineficiente até Thomas Paine registrá-lo
por escrito - afinal, era preciso justificar o nascimento da nova nação (um
filme com Al Pacino, de 1985, _Revolução_, mostra bem como a ideia não era
lá muito popular). Depois disso, a ideia definitvamente ganhou contornos
reacionários com Ernest Renan no séc XIX. Agora, para Renan, o direito à
existência estatal vai até onde chega a disposição de seu povo de se
autossacrificar (é de Renan q Peirce toma o elogio do autossacrifício como
fundamento da logicidade, vejam só, lógicos: é ilógico não se sacrificar
para salvar a comunidade? E q lugar cada um ocupa na comunidade?). É nesse
contexto q nasce o sionismo, como ideologia direitosa q se impôs apesar da
resistência de muitos judeus (judeus de esquerda? Existem, sim, apesar de
ser incômodo lembrar). O q fazem hj com a memória do Brit Shalom é um rapto
vergonhoso, um movimento q nunca foi sionista é pintado como se fosse um
sionismo puro e imaculado. Lamento em informar, pode até existir esquerda
sionista, mas não existe sionismo de esquerda. Com toda a manipulação do
espetáculo mediático, não admira q o sionismo seja vendido como se fosse
humanitário, limpinho e bonitinho, mas o fato é q o sionismo é só uma forma
de nacionalismo racista e imperialista q se nutre da mistificação da Shoah
como evento excepcional. Mas nem isso: nada do q os nazistas fizeram na
Europa foi novidade, no Brasil e na África já tinha sido feito, até fornos
para queimar gente, os alemães só aperfeiçoaram e racionalizaram (toda
comunidade é imaginada, mas os imaginários diferem, né? Klaus Theleweit
escreveu um livro monumental a respeito de qual imaginário alimentou o
nazismo, e lamento informar de novo, não difere muito dos atualmente mais
conhecidos). Em suma. O q o governo nazisionista de Israel demonstra é uma
disposição para genocidar os palestinos, e não ao autossacrifício e isso
nada têm q ver com direito à autodeterminação dos povos, o q o discurso
proselitista de Israel confunde muito convenientemente. Tem q ver sim com o
elitismo de uma comunidade inventada sobre o mito da dádiva divina e do
merecimento supremo por terem sido vítimas da história. Que fique claro:
nada justifica ou invalida a Shoah, mas os palestinos - esses sim,
genuinamente um povo, não uma religião - não combatem Israel por ser um
estado judaico, mas por ser um estado colonialista, por ter sido uma
invenção do imperialismo contemporâneo q não queria dividir as terras na
Europa, aonde de direito os judeus de lá expulsos teriam de ser
repatriados. Realmente, seria muito pouco conveniente dividir a terra da
Baviera ou da Ucrânia (alô Churchill, De Gaulle e Truman, pq não permitiram
a Stalin o caminho até o porto? Alô, Stalin, pq não recebeu de volta os
expulsos da Polônia?). E não é de hoje q a Rússia busca abrir caminho até o
mar negro, até Machado de Assis registrou os impasses da Guerra da Crimeia
(em Dom Casmurro, agradeçam me depois pela fonte, se já esqueceram da
literatura). Então, pq não instaurar um estado aliado onde os Árabes estão?
Pq em Israel não habitam os judeus negros da Etiópia? (Não é pq não
quiseram #spoiler). Se naquela época havia muito vagamente a ideia de uma
nação pan-arábica,  mas ainda não estavam constituídos os estados atuais,
pq não começar a divisão, né? Mas não vai dar pra ser como no XIX (alô
Inglaterra, tem gente aí?)
Agora, vamos lembrar de mais uma coisa q precisa ser lembrada, passando da
história à teoria política. A própria ideia de estado nacional é q precisa
ser derrubada e superada. Se não há imaginação política para além de uma
forma colonialista mais nova do q o romance ocidental, então realmente
vamos mal. Nenhum estado tem direito à existência, todos os povos têm
direito à autodeterminação. O estado brasileiro é o maior exemplo disso,
erguido sobre séculos de assassinatos e expoliações (q ainda continuam).
E é preciso tb dizer sem medo, judeu não é etnia, é religião. A
essencialização do ser judeu já foi denunciada até mesmo por quem é chamado
de judeu (Marx no XIX, Schlomo Sand no XX, e muitos outros, é fácil
descobrir - e deixar de ser, quem se dispõe a não ser, é claro - é
paraconsistente isso? Ou é só coerência mesmo?).
Podem me chamar de antissemita,  mas não sou. Não me venham com esse
discursinho raso. Ao contrário, sou muito defensor do direito à fé e à
autodeterminação, nos termos q escrevi. Não sou livre de contradições e nem
desejo tanto.  Mas a má fé, o racismo e a ideologia elitista e reacionária
eivada de catolicismo mofado não me pertencem.
Um abraço a quem fica e saudações aos q têm coragem. Amizade é a mesma, só
a luta muda a vida.
cass.

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