Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com> escreveu:

> Caros, 

Olá, Marcos.

> até que ponto esta exortação pública contra a academia.eu não eh
> exagerada, hein?
>
> Sendo bem pedestre, em termos de custo e benefício, nesta rede social,
> me parece que as coisas vão bem. Pelo menos, pra filosofia. Não tenho
> custo nenhum, pelo menos aparentemente, e fico sabendo, de maneira
> integrada, o que vários grandes tão fazendo no cutting edge, pelos
> seus perfis, como Brandom, Hutto, Floridi, Williamson etc.
>
> Entre uma clicada e outra, eu sou ainda informado sobre o que vários
> colegas em areas diferentes de universidades diferentes em paises
> diferentes estão publicando por agora e ainda posso ajudar a divulgar
> meia dúzia de eventos nos quais me envolvo e ainda divulgar um par de
> idéias meia-boca em meus artiguinhos meia-boca.
>
> Acho difícil que alguém como eu pudesse ser lido por pessoas no
> interior de países que nunca visitou e por pesquisadores com os quais
> nunca fez contato diretamente. As vezes surgem até uma conversas
> legais a partir do site.
>
> Ainda. Eu indico fortemente fazer upload de drafts de artigos. Já
> recebi retorno crítico (e util) pelo site de pessoas que não conhecia,
> que se interessam pelo trabalho, e através dos algoritmos complicados
> do site são direcionadas, pelas suas áreas de interesse, para coisas
> minhas. Já fiz até acknowledgment destas pessoas em papers que acabam
> sendo publicados depois destas trocas públicas de idéias.

Me corrija se estiver errado, mas me parece que o ponto central te
escapou.  

Não se trata de dizer que a funcionalidade oferecida pelo Academia.edu é
ruim, que os serviços ofertados são de má qualidade ou inúteis, ou mesmo
que os usuários do portal devam se sentir envergonhados por apreciar os
benefícios e serviços oferecidos. *Nada* disso está em questão.

O problema está nas práticas comercias e estratégia de negócios da
empresa por trás do portal.  Como mostram as notícias já veiculadas na
lista, a empresa tem usado, ou cogitado, estratégias questionáveis como:
termos de uso abusivos, incremento artificial da visibilidade dos
trabalhos de usuários assinantes (pagadores), ou, numa tentativa astuta
de se aproveitar da vaidade e da idolatria reinante no meio acadêmico,
oferecer estatísticas de visualização somente aos usuários assinantes,
completa com as credenciais do visitante.

Como também já foi veiculado na lista, muitos acadêmicos assumiram
caridosamente boas intensões por parte da empresa e daqueles que a
dirigem, e entraram em contato, informando sobre os problemas e
solicitando soluções.  Aparentemente, essa abordagem amigável não foi
muito bem-sucedida.  Não surpreende, pois empresas, quando ficam muito
grandes, tendem a ver tudo através dos óculos do lucro, independente
mesmo daquilo que os indivíduos integrantes desejam ou acreditam.

Portanto, respondendo a sua questão: Não. A exortação não é nem um pouco
exagerada. (Uma vez entendido que a exortação nada tem a ver com as
funcionalidades do portal)

Falhando a abordagem amigável, a outra opção para aqueles que se
importam com os problemas descritos no parágrafo anterior é se desligar
do portal (boicotar a empresa).  Esse adquiri um significado ainda maior
com respeito àqueles que acham portal útil.  Isso mostra que eles
consideram as questões éticas e comunitárias envolvendo as práticas
abusivas da empresa mais importantes do que a conveniência que recebem
em troca pelos seus serviços.  Então, veja: quanto mais conveniente e
útil o serviço, mais significado tem o boicote.  Daí, sua descrição dos
benefícios do portal (o qual não conheço bem, nem utilizo) me fez
apreciar mais a atitude daqueles que escolheram apagar suas contas,
declará-lo publicamente e chamar a atenção para os problemas.

Obviamente, qualquer usuário do portal pode adotar a posição: Eu não me
importo com os problemas citados, ou não acho que eles sejam relevantes,
ou, pelo menos, que não sejam relevantes o suficiente para que se abra
mão da conveniências oferecidas pelo portal.  Se você, Marcos,
compartilha de alguma dessas posições, desconsidere o que escrevi: você,
na verdade, compreendeu bem o ponto central da questão.  Porém, nesse
caso, seria mais interessante ouvir de você por quê você acha que os
problemas são desimportantes, ou irrelevantes, do que uma descrição das
funcionalidades do portal e dos benefícios que ele tem trazido para
você.

> Me parece ser um processo cooperativo de qualidade que eu certamente
> não encontraria se eu ficasse no quintal de casa, ou na praia bonita,
> em Maceió.

Bem, suas opção não são realmente tão binárias assim (Academia.edu ou
quintal/praia), não é mesmo? :-)

Se me permite uma sugestão: philpapers.org

É gerido por uma fundação sem fins lucrativos (da qual seu amigo David
Chalmers é um dos diretores ;-)) e editado em parte por voluntários do
meio acadêmico.  Ali, você pode seguir outros pesquisadores e receber
notificações quando elas publicam algum artigo bem como receber
notificações de artigos em suas áreas de interesse (ou periódicos de
interesse).  Não sei como ele se compara com o Academia.edu (pois nunca
usei este último), mas estou bastante satisfeito (e o portal tem
melhorado a cada ano que passa).


> Eu continuo na rede.

De fato, a decisão é sua, meu amigo.

-- 
Hermógenes Oliveira

»Der Grundsatz, nach dem ich entscheide, ist: Die Schuld ist immer
zweifellos.« Der Offizier, Franz Kafkas »In der Strafkolonie«

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