Caro Dória e demais....

Quando se entende porque a Teoria da Computação
não pode ser bem-expressa em sistemas formais
(seja PA, ZFC, ou qualquer outro de Fundamentos),
entende-se imediatamente que um sistema formal
para tal não pode ter provas finitas.  Não é uma
questão de gosto ou não.


Entretanto, para se propor um sistema formal para
fundamentar a Teoria da Computação (englobando
ou não o restante da Matemática ordinária/mainstream,
este é outro problema!) precisa haver um compromisso
filosófico com os seus fundamentos.  Não se pode colocar
uma regra tão forte como o Teorema de Hahn-Banach
ou CH, e.g..


O meu gosto seria continuar mantendo a Metamatemática
na parte finitária da Matemática.  Por isso é importante se
analisar o significado de finitário.  Finitário **não** é finito.
Na verdade significa só ser permitido/autorizado utilizar
processos finitos (computações!) de construção.


Basta perceber que qualquer teoria (razoável) já
é R.E. e não Rec, menos ainda finita, e.g. PA.


O que precisamos é a nós ser possível  verificar
finitariamente a correteza cada prova de uma
teoria.  Ora, em toda prova finita, isso sempre é
possível.  Mas não só!  Esta é a questão!

Uma prova é na verdade uma árvore, que hoje em
dia pensamos finita.  Verificar a sua correteza é
verificar se a sua relação filiação/paternidade sempre
é condizentes com as regras do sistema formal.

Entretanto, também podemos pensar (minha
sugestão) em árvores infinitas em largura, com
regras finitárias (mas não finitas), mas todos os
ramos folha-raiz finitos.  Ou seja, um nó pode ser
pai de infinitos (enumeráveis) filhos.

Entretanto, precisamos continuar  a verificar a correteza
da prova de forma finita.  Então esta prova/árvore
(infinita mas finitária) precisa ser construída por uma
computação não-determinística (leia-se Máquina de
Turing) muito bem comportada.  Nós precisamos
programá-la corretamente de modo a construir a árvore
da prova, em que, a cada nível da árvore, a relação
paternidade/filiação da árvore respeite rigorosamente
a uma regra do sistema formal.

Como verificamos a correteza da prova?  Analisando
a Máquina de Turing não-determinística (seu algoritmo)
e provando que ela é correta, ou seja, constroi a árvore
em que a relação paternidade/filiação sempre respeita
uma regra de inferência do sistema.

Na Teoria da Computação estamos cansado de
demonstrar FINITARIAMENTE a correteza de um algoritmo,
mesmo nos casos em que as possíveis computações são
infinitas (por ser não-deterministica, ou por conta de um
parâmetro de entrada).  Note que as possíveis computações
são infinitas, porém toda computação é sempre finita,
representada por um ramo folha-raiz na árvore da prova.


A regra de inferência finitária estou chamando de omega-Z
rule.  É uma adaptação recursiva da omega regra de Hilbert.


Dá para entender?

Abraços, Claus





2011/10/1 Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com>:
> Tô devendo essa - mais tarde hoje, pode deixar.
>
> 2011/10/1 Valeria de Paiva <valeria.depa...@gmail.com>
>
>> Doria,
>> >muitos fatos simples e intuitivamente claros resultam, na versão
>> > formal, em sentenças indecidíveis.
>> Essa 'e certamente a minha impressao, mas seria bom ter alguma coisa
>> escrita "pra dummies" com o minimo possivel de pre-requisitos formais,
>> explicando uns tres exemplos do fenomeno.
>>
>> eu nao conheco tres. eu costumava ter dois exemplos de resultados que
>> nao fazem sentido pra mim, agora so' lembro de um: a complexidade de
>> "typechecking ML programs".
>>
>> Mas eu nao concordo com:
>> >Me parece que a teoria da computação exige algum tipo de regra infinitária
>> na >sua axiomatização
>> nao me parece que nenhuma regra infinitaria seja necessaria nao. so'
>> mais investigacao de o que 'e usado aonde.
>>
>> Valeria
>>
>> 2011/9/30 Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com>:
>> > Muitos dos problemas que têm sido assinalados nessa discussão sobre
>>  Nelson
>> > resultam de um fato simples: sistemas axiomáticos como os usuais
>> > (consistentes, incluem bastante aritmética, possuem um conjunto r.e. de
>> > teoremas, têm por linguagem a lógica clássica) não se prestam à teoria da
>> > computação: muitos fatos simples e intuitivamente claros resultam, na
>> versão
>> > formal, em sentenças indecidíveis. Me parece que a teoria da computação
>> > exige algum tipo de regra infinitária na sua axiomatização, se desejarmos
>> > que nossas intuições a respeito se reflitam em teoremas da teoria.
>> >
>> > --
>> > fad
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