Primeiro vamos lembrar umas coisas... Acho que o Rafael fez feio em criticar a pessoa e não a idéia. Acho que essa discussão de confronto entre pessoas não é saudável...
Ricardo, acho que cada um tem suas opiniões, pensamentos e forma de se organizar. Se você acha que isso é bom ou ruim, problema seu, mas chamar os outros de idiotas por não compactuarem com a sua idéia, é bem baixo. Vamos retomar o nível da discussão que tava interessante :-) 2009/1/19 Daniel Ruoso <dan...@ruoso.com> Não sei se podemos afirmar que a GPL é tão fundamentalmente diferente > das licenças BSD nesse sentido. Não é porque a GPL diz que você tem que > se manter com as mesmas regras de licenciamento que ela se torna > incompatível com o capitalismo. > > Quero dizer, a GPL é uma licença que tem uma função política, mas não é > por isso que ela não é compatível com o capitalismo, e não é isso que > faz ela perder a herança liberal. A IBM não deixa de investir no Linux > por ele ter uma licença GPL, aliás, foi o Linux, com licença GPL, que > salvou o setor de mainframes de pequeno porte da IBM (os zSeries, s390). Veja que quando falo incompatível não é no termo de que ela não possa existir dentro do sistema Capitalista. Hoje eu tenho várias idéias que são contra capitalista e não podem ser executavas, mas isso não me torna inexistente. Para algumas idéias minhas terem 100% viabilidade de implantação, só com a mudança de sistema. Vejo que a GPL tem uma diferença bastante grande das BSD's. Basta observarmos a inversão de valor que ela faz. Nas BSD o valor está no individuo, ou seja, EU pego aquele Software e faço o que EU desejar. Por outro lado a GPL ela entra com o valor na comunidade/sociedade, pois EU pego o Software não posso fazer o que eu desejar, mas sim o que é melhor para a comunidade/sociedade. Por exemplo, BSD deixaria eu chegar na praia e demarcar que aquilo é meu terreno agora, mas já na GPL diz que não podemos, ou seja, existe uma quebra da idéia de propriedade privada, pois o Software Copyleft ele não tem um dono (salvo manobras feitas através do direito do autor). > A questão dos "open source" tem muito mais uma visão de "transição" (nas > palavras da própria OSI) do que de "a GPL é má!", muito mais no sentido > de tirar preconceitos do mercado corporativo sobre compartilhamento de > código do que "desvirtuar" o software livre. Não vejo nessa linha. OpenSource é visto da seguinte forma (revolution os fala disso) "Achamos que é uma forma legal de programar e não achamos que todos softwares devam ser livres, eles podem co-existir". Essa é a lógica, uma "deturpação" do S.L. que é um movimento "radical", pois ele vai a raiz do problema e diz que enquanto existir Softwares Proprietários, ainda teremos um problema. Tem um texto do Stallman que fala sobre isso (não, ele não é o mecias), mas esqueci o link :-/ > É claro que existe muita canalhice nesse meio, e aí é das empresas que > não adotam o Open Source de verdade, fazendo produtos "meio" abertos que > não tem nenhuma documentação disponível e que quando você tenta instalar > a versão "community" não funciona nada direito. Mas não acho que esses > sejam os casos de sucesso no mundo Open Source. Casos de sucesso para > mim são o Apache, o OpenBSD, o Linux, o Eclipse etc. Open Source é modelo de desenvolvimento, diferente do Software Livre que é uma filosofia/movimento. Num é a toa que as pessoas vezes falam FOSS (Free and Open Source Software). > > Por outro lado, assisti uma palestra (a única ao vivo) do Stallman no > > Latinoware 2007 e lá ele chegou a bater no Banco Mundial e no FMI > > Não é porque ele discorda do FMI e do Banco Mundial em alguns aspectos > que ele é marxista... Lógico que não. Num é porque a França tem educação pública que ela é socialista. O que eu quis dizer é que o Software Livre entra em conflito com diversas forças do neo-liberalismo/capitalismo pela filosofia do Software Livre, algumas vezes o sistema consegue contornar e por ai vai... > Assim... Não é porque o mercado deixou de comercializar as licenças para > cobrar pela prestação de serviços que modificamos as relações de > classes. Sim, não estou falando das empresas, estou falando do projeto, da comunidade. O Software Livre sozinho não vai mudar o mundo, mas a suas idéias fazem parte desta. > A Intel, a Red Hat, o Google, a IBM e todas essas empresas > amigas do software livre continuam exercendo a "mais-valia". Uma empresa > puramente de prestação de serviços continua sendo uma empresa, e > continua dentro da lógica do capitalismo, se a questão da contradição > entre capital e trabalho continua sendo central, ela ainda é central > aqui. Sim, como eu disse, estou falando da comunidade de desenvolvimento, ela relaxa as relações de classe. Se você pegar uma industria, existe os caras que manda (e concentram boa parte da verba) e os que executam (proletários e etc), nas comunidades de Software Livre não existe isso, existem nas coisas externas a ela (o motivo pelo qual o cara está programando, a participação de empresas e etc). > Da mesma forma que reforma agrária não prevê o fim da propriedade rural, e > nem o fim do capitalismo Exato, ai entra a reflexão e forma de militância do pessoal do MST. Eles enchergam que só é possível ter uma plena reforma agrária com a mudança do sistema, no mais haverá uma conseção do Estado e devido a lógica e concentrações do sistema voltará a ter-se lantifúndios (seja por vendas dos pequenos agricultores, grilagens, matança e etc). > o direito de autor é um aspecto fundamental do software livre. Não é > porque você compartilha software que você vai acabar com o direito de um > desenvolvedor cobrar o valor que ele quiser pela hora de trabalho. O direito do autor não necessariamente é rompido em outros sistemas. O capitalismo luta contra o direito do autor ser das pessoas, basta ver as artimanhas que empresas fazem isso (Cups, SUN com seus projetos)... > Não é porque você compartilha software, que você não vai contratar pessoas > e obter lucro em cima do trabalho dessas pessoas. Como eu disse, o Software Livre pode existir dentro do capitalismo, senão talvez nem estaríamos discutindo. Porém, o que falo é dele existir em sua plenitude, das relações de compartilhamento, da não concentração do desenvolvimento na mãos de poucos e etc... > > Software Livre para Open Source. Num é curioso as grandes empresas que > > trabalham com S.L. preferirem o termo OpenSource? > > Não acho que seja curioso, existe um motivo bastante claro e divulgado > para isso, que é a confusão entre livre e grátis que o termo em inglês > transmite. Bom, acho que aqui seria uma outra thread, vamos deixar para outro dia :-) > A fundação eclipse, por exemplo, funciona "vendendo" o direito de voto. > Quem investe mais na fundação eclipse tem mais mando sobre o futuro do > projeto. E isso sem falar nos projetos governados por empresas, como o > Ubuntu, que é gerido de uma maneira bem mais tradicional. Como eu disse inicialmente na outra thread, isso são formas de cooptação que o Sistema atual causa. Hoje se eu tenho muito dinheiro, posso contratar todos os principais desenvolvedores de um projeto e moldá-lo a minha vontade. Isso é perfeitamente possível e até usado, mas estaríamos exercendo o S.L só burocraticamente falando, pois estaríamos seguindo as 4 regras, mas quebraria a filosofia do compartilhamento e da quebra de monopólio, pois o projeto só vai para uma linha (por mais que exista a possibilidade de fork, sabemos que não é tão simples). > Isso é precisamente o exemplo que eu costumo usar para mostrar o quanto > o projeto Debian não é democrático. Insisto para que veja a minha > monografia, onde eu insisto muito para mostrar que os mecanismos formais > de regulação são praticamente irrelevantes para a governança da Debian. Ok, irei ler com mais calma... Outro dia eu li o título e guardei para ler depois, mas irei ler :-) > Isso é precisamente o exemplo de uma meritocracia, não de uma > democracia. Se fosse uma democracia, existiriam meios definidos de como > garantir que você vai ser ouvido. Nesse caso não existem, se você mandar > um e-mail para a lista e ninguém responder, você não foi ouvido, sua > sugestão não foi apreciada, e você não pode fazer nada a respeito. > > E sabe porque essa hipótese de "se o Linus decidir..." é irrelevante? > precisamente porque o Linus é a pessoa que tem mais mérito para decidir > sobre o futuro do Linux. Quando ele decidiu usar o bitkeeper, ninguém > fez um fork do Linux, simplesmente porque confia-se no mérito dele para > tomar decisões. A confiança, esse sim é um ponto fundamental. Lógico que a confiança é um ponto fundamental, mas a confiança é um ponto fundamental em diversos modelos e não somente na meritocracia. Tou falando de se algum momento ele surtar e começar a fazer coisas que desagradam * TODOS* do projeto, irão surgir forks devido a pouca confiança que ele estaria passando. O Fork em si, já não seria um mecanismo de controle democrático? Eu concordo que seria puramente meritocrático se não tivéssemos forks e coisas do gênero, pois ai entraria somente o mérito baseado em poder de codar, decidir, guiar e etc. > Mas insisto novamente que veja a minha monografia, senão vou acabar > tendo que sintetizá-la por email. Irei ler, mas por enquanto vamos conversando por aqui... Abração, Roberto
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