Caro João e demais colegas:

>>  _pesquisa empírica sobre pedagogia e didática_ que ajude a dar suporte 
à afirmação de que estudos históricos possam nos ajudar a _usar_ melhor, 
digamos, uma determinada estratégia de demonstração, ou a _demonstrar_ um 
certo resultado.

Me parece que a sua questão está posta de modo ambíguo. Por um lado, a 
questão pode querer significar o seguinte: há alguma evidência de que a 
atenção para o contexto histórico de desenvolvimento de certos conceitos/ 
teorias em lógica ajuda a *entender melhor* o significado dos mesmos?

Se a questão que você propôs deve ser lida nesses termos, então me parece 
que a resposta é afirmativa -- não por qualquer razão empírica, mas por uma 
razão filosófica. Por vezes, é no contexto histórico do debate sobre certos 
problemas que o desenvolvimento de determinado conceito/ teoria ganha 
sentido. Nesses casos, não apresentar o contexto histórico rouba o sentido 
do conceito o que pode, presumivelmente, atrapalhar o eventual processo de 
ensino. Para dar um exemplo talvez provocativo: não roubaria o sentido da 
teoria de conjuntos ensiná-la aos estudantes sem mencionar sua gênese 
histórica no debate sobre fundamentos da matemática?

Abraços
Bruno


Em domingo, 24 de janeiro de 2021 às 16:51:17 UTC-3, Joao Marcos escreveu:

> Gosto do "children" vs "adults", Eduardo, e me parece razoavelmente claro 
> a que esta distinção se refere.  Não sei se está relacionado, mas há vários 
> bestsellers (alguns deles são guias bastante úteis!) que usam "dummy" ou 
> "complete idiot" em seus títulos.  Tais textos também costumam focar em 
> exemplos concretos e em modelos manipuláveis (
> https://en.wikipedia.org/wiki/Manipulative_(mathematics_education)), 
> evitando o excesso de abstração.
>
> Joao Marcos
>
>
> On Fri, Jan 22, 2021 at 8:05 PM Eduardo Ochs <eduar...@gmail.com> wrote:
>
>> Acho que em algum trecho da fala da Ítala no "Lógica e
>> Representatividade" - aqui,
>>
>>   https://www.youtube.com/watch?v=BjBKqHPdrH0
>>
>> entre 1:13:15 e 1:30:12, ela falou explicitamente sobre os cursos
>> básicos de Lógica terem alunos que pensam de jeitos muito diferentes
>> uns dos outros... alguém lembra? Alguém consegue localizar?
>>
>> Se ela realmente falou isso - desculpem eu não ter nem tempo nem
>> cabeça pra procurar agora - então ela provavelmente pensa nisso há
>> muito tempo e ela deve ter jeitos de nomear esses diferentes jeitos de
>> pensar e de descrever por alto cada um deles... e a gente pode começar
>> pelos termos dela. Eu tenho usado "children" e "adults", entre aspas
>> mesmo, nos meus trabalhos mais recentes (link abaixo), mas pra mim
>> seria muito útil ver outros termos e outras classificações.
>>
>>   [[]],
>>     Eduardo Ochs
>>
>> O "link abaixo" era esse aqui, principalmente a seção 1...
>> http://angg.twu.net/LATEX/2020favorite-conventions.pdf
>>
>>
>> On Fri, 22 Jan 2021 at 19:36, Itala Maria Loffredo D'Ottaviano <
>> it...@unicamp.br> wrote:
>>
>>> Cros Gisele e João:
>>>
>>> Desde meus tempos de  docente do Instituto de Matemática da Unicamp, 
>>> sempre me preocupei em apresentar e discutir com os estudantes as questões 
>>> históricas relevantes aos temas do curso.
>>> Nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, em geral com índices 
>>> consideráveis de reprovações, eu procurava mostrar as motivações 
>>> históricas, nem sempre essencialmente matemáticas, relativamente a teoremas 
>>> e resultados importantes.
>>> Falar sobre eventos históricos relevantes nas vidas dos pensadores e nos 
>>> processos de desenvolvimento de teorias  sempre foi determinante no sucesso 
>>> e bom aproveitamento de meus cursos.
>>> Os estudantes gostam muito, ficam motivados e interessados pelo 
>>> conhecimento e pela disciplina.
>>> Em geral, meus cursos eram bem concorridos e estudantes de outras turmas 
>>> vinham assistir minhas aulas.
>>>
>>> Como falei na Mesa sobre Lógica e Representatividade, no WLD'21, o 
>>> educador deve ser um sedutor, no sentido do encantamento pelo conhecimento 
>>> e pela disciplina.
>>>
>>> Nas disciplinas de lógica que ministro, reservo sempre um lugar muito 
>>> especial para a  história da lógica, o que tem sido muito salutar e 
>>> proveitoso.
>>> E não considero perda de tempo!
>>>
>>> Abraços,
>>>
>>> Itala
>>>
>>> Em sex., 22 de jan. de 2021 às 15:14, Gisele Secco <secco....@gmail.com> 
>>> escreveu:
>>>
>>>> Oi João, oi colegas
>>>>
>>>> Uma pesquisa dessa seria valiosíssima.
>>>>
>>>> Ocorre que, infelizmente, a tradição brasileira de estudos em pedagogia 
>>>> e didática tende totalmente para o lado das questões político-sociológicas 
>>>> e despreza quase que por completo o tipo de observação e recolha de dados 
>>>> como as que seriam necessárias para que um quadro geral do ensino de 
>>>> lógica 
>>>> pudesse ser pintado com cores da realidade - e estou falando de pesquisa 
>>>> empírica sobre pedagogia e didática na educação básica, que era o que, a 
>>>> meu ver, as faculdades de pedagogia deveriam estar mais focadas em fazer. 
>>>> Ao menos mais do que estão agora.
>>>>
>>>> Assim que, por enquanto, acho que seguir as conversas sobre isso, 
>>>> recolhendo relatos e pensando sobre eles, já é um começo. Quem sabe no 
>>>> futuro uma pesquisa assim possa ser encampada por um time interdisciplinar 
>>>> de gentes da lógica, da filosofia e da educação?
>>>>
>>>> Um abraço,
>>>> G.
>>>>
>>>>
>>>>
>>>> Le ven. 22 janv. 2021 à 14:18, Joao Marcos <boto...@gmail.com> a 
>>>> écrit :
>>>>
>>>>> Oi, Gisele:
>>>>>
>>>>> > Penso que a discussão será infrutífera se não levarmos em 
>>>>> consideração as distintas audiências de aulas de lógica.
>>>>> > O argumento ao qual você se refere, defendido por Halina Leal na 
>>>>> mesa sobre Lógica e Representatividade, foi apresentado de modo mui 
>>>>> rápido, 
>>>>> dadas as circunstâncias de sua fala, mas de todo modo diz respeito a 
>>>>> estratégias de motivação de estudantes de Filosofia para estudar lógica. 
>>>>> Ademais, ela (se me lembro corretamente), argumenta com base em suas 
>>>>> experiências docentes. Não sei se pretendia generalizar ou apenas propor 
>>>>> mais um tema para a conversa sobre didáticas para a lógica :)
>>>>>
>>>>> De acordo!  Eu gostaria, de todo modo, de conhecer exemplos concretos
>>>>> em que esta sorte de motivação tem levado os discentes não apenas a
>>>>> estudar Lógica, mas a _entendê-la_ melhor.  Certamente haverá exemplos
>>>>> disso no estudo de Teoria das Demonstrações, Semânticas Formais,
>>>>> Computabilidade...
>>>>>
>>>>> Tenho muito interesse nesta conversa!  Eu ficaria contente, para já,
>>>>> em colher depoimentos dos colegas que tenham testado a hipótese acima
>>>>> em sua prática didática (falo de um experimento controlado mesmo,
>>>>> digamos, apresentando o mesmo conteúdo com e sem a dita motivação),
>>>>> qualquer que tenha sido a plateia envolvida.
>>>>>
>>>>> Tudo de bom,
>>>>> Joao Marcos
>>>>>
>>>>> -- 
>>>>> http://sequiturquodlibet.googlepages.com/
>>>>>
>>>>
>>>>
>>>> -- 
>>>> Gisele Dalva Secco
>>>> UFSM/Brasil
>>>> +55 55 3220 8440 <+55%2055%203220-8440>
>>>>
>>>> -- 
>>>> Você recebeu essa mensagem porque está inscrito no grupo "LOGICA-L" dos 
>>>> Grupos do Google.
>>>> Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, 
>>>> envie um e-mail para logica-l+u...@dimap.ufrn.br.
>>>> Para ver essa discussão na Web, acesse 
>>>> https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CADjHNnoDi943rT50KupfJNxTkDSHUrnvE%3DnAZ7xDouNtszdyfg%40mail.gmail.com
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>>>> <https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/CADjHNnoDi943rT50KupfJNxTkDSHUrnvE%3DnAZ7xDouNtszdyfg%40mail.gmail.com?utm_medium=email&utm_source=footer>
>>>> .
>>>>
>>>
>>>
>>> -- 
>>> Prof. Dr. Itala M. Loffredo D'Ottaviano
>>> Full Professor in Logic and the Foundations of Science
>>> Centre for Logic, Epistemology and the History of Science
>>> University of Campinas
>>>
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