Olá Marcos,
sobre sua mensagem, eu recomendaria o livro da Geraldine Brady, From Peirce
to Skolem: A neglected chapter on the history of logic
[http://books.google.com.br/books/about/From_Peirce_to_Skolem.html?id=ahoH-tLm2S0C&redir_esc=y];
é fácil achar um pdf na net.
Outros trabalhos do Anellis são ótimos sobre o assunto, ele publicou alguns
artigos sobre o assunto específico das tabelas de verdade; além disso, ele
tb dedicou tempo e conhecimento para escrever vários assuntos sobre Peirce e
seu "esquecimento" na história da lógica, veja aqui:
http://www.cspeirce.com/menu/library/aboutcsp/aboutcsp.htm#Anellis
A relação entre Peirce-Wittgenstein foi analisada por muitos, e eu mesmo há
anos venho sondando o assunto. Acho q este artigo de Jaime Nubiola é
bastante esclarecedor e acho difícil escrever algo novo sobre o assunto:
http://www.cspeirce.com/menu/library/aboutcsp/nubiola/scholar.htm
Há um artigo de Putnam, antigo, "Peirce the logician":
http://www.jfsowa.com/peirce/putnam.htm (muito bom artigo; se me for
permitido um comentário, depois q se
começa a ler Peirce, percebe-se o qto Putnam deve à tradição q ele nem
sempre reconheceu - já q vc falou o qto se ignorava o q acontecia aqui deste
lado do Atlântico (tá certo, mais ao norte...); melhor do q Quine, todavia,
q editou o volume de lógica
de Peirce para os Collected Papers e passou a vida falando de Frege como se
Peirce não existisse).
Sobre a relação entre Russell e Peirce, Russell sabia muito bem quem Peirce
era e qual seu trabalho em lógica. Peirce correspondeu-se longamente,
durante quase uma década com Victoria Lady Welby, após ter resenhado o livro
dela chamado What is meaning; Lady Welby tinha contato frequente com Russell
e C.K. Ogden, aos quais divulgou as cartas q recebia de Peirce; o próprio
Russell menciona conversas q teve com ela sobre Peirce (não me lembro de
cor, mas creio q em Portraits of Memory , não em My Philosophical
Development). A
correspondência de Peirce com Lady Welby é avidamente estudada pelos
peircianos, pois contém a última elaboração da semiótica, embora em termos
pouco formais, uma vez q a missivista não tinha grandes conhecimentos em
matemática, ao contrário de seu colega de aristocracia Russell. Deste,
Peirce chegou a conhecer o primeiro volume dos Principia Mathematica, além
de Introduction to Mathematical Philosophy. Mas Peirce já estava mais velho,
no fim da vida, interessado em outras coisas e não escreveu nada sobre além
de 1 ou 2 notas para dizer q conhecia o livro.
A correspondência de Lady Welby e Peirce mostra vários pontos interessantes
para quem quer entender melhor a relação possível de Peirce com o segundo
Wittgenstein, além de trazer muita coisa boa pra estudar aspectos
pragmáticos da lógica, da filosofia da linguagem e da semiótica. Mas aí é
outro assunto.
Desculpem-me se pareço mais um daqueles peircianos chatos da seita "só
Peirce salva", mesmo pq sou contra essa postura de defender autores blá
blá... mas é q nesse caso da história da lógica é difícil não reclamar
reconhecimento. De toda forma, acho q os artigos fazem uma boa varredura do
assunto e o reconhecimento q Peirce merece está chegando.
Um abraço a todxs,
cass.
Message: 7
Date: Mon, 12 May 2014 12:09:28 +0200
From: Marcos Silva <marcossilv...@gmail.com>
To: logical logical <logica-l@dimap.ufrn.br>
Subject: [Logica-l] PEIRCE RUSTLED, RUSSELL PIERCED
Message-ID:
<CAGZ3pzJGorvuS=zAp25Gcte8Sk=fg-81HmMTsWm=7tt+otz...@mail.gmail.com>
Content-Type: text/plain; charset=UTF-8
Caros,
a discussao sobre o embate entre o que se convencionou chamar de tradicao
algébrica de Schröder e Peirce e a tradicao logicista a la Frege e Russell
vem me interessando cada vez mais.
Eu encontrei este artigo de Anellis que foi iluminador sobretudo em relacao
a questoes históricas da relacao (conflituosa) entre Harvard e Cambridge,
nas figuras de Peirce e Russell.
http://www.cspeirce.com/menu/library/aboutcsp/anellis/csp&br.htm
Me impressiona, por exemplo, que Wittgenstein de fato achava que ele e
Russell tinham sido os primeiros a pensar em tabelas de verdade para
implicacao material. Eu tenho evidências que Wittgenstein, Ramsey, e o
círculo de viena de fato nao sabiam dos desenvolvimentos de Peirce sobre
estas representacoes diagramáticas para operadores sentenciais.
Aparentemente desconheciam várias outras coisas sobre o que estava
acontecendo do outro lado do Atlântico.
Russell, com seu prestígio acadêmico, parece ter propositalmente
obscurecido qualquer influência possível de Peirce pela UK (e europa)
naquela época.
Alguém teria outros trabalhos (talvez mais filósoficos) sobre isto para me
indicar?
abraco,
Marcos
_______________________________________________
Logica-l mailing list
Logica-l@dimap.ufrn.br
http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l