Evandro Nunes wrote:
> On 9/15/07, Carlos A. M. dos Santos <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
>> On 9/15/07, Evandro Nunes <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
>>>> A licença BSD permite distribuir o código executável sem distribuir o
>>>> código-fonte correspondente, mesmo que este tenha sido modificado.
>> [...]
>>> Portanto, não posso relicencear. Apenas distribuir junto com outra
>> licença,
>>> como desejar, mas no caso da minha distribuição não ser binária, a
>> licença
>>> sempre deve ser no mínimo BSD também, certo?
>> Exato. Podes incluir um trecho de código distribuído sob licença BSD num
>> código maior, que distribuas sob licença XYZ. Terás, porém, que incluir no
>> código duas informações de copyright e licença, uma correspondente ao
>> trecho copiado e outra correspondente ao teu própro código.

A questão é "o operador lógico" quando se disponibiliza um código sob 
duas licenças. Os desenvolvedores Linux entendem, errôneamente, como um 
OR, enquanto o Theo e o Reyk (e de fato qualquer um que saiba ler) 
entendem como um AND. Ou seja o código tem que ter ambas as licenças, 
porque a GPL demanda isso para a redistribuição do código, e também de 
trabalho originado daquele código, e a licenca BSD demanda que os termos 
sejam mantidos para qualquer tipo de distribuição. Portanto ambas as 
licenças obrigatoriamente tem que ser mantidas, nao dando margem alguma 
para alguem pensar que possa ser um OR ao invés de um AND.

> Perfeito, e no caso de distribuicao binaria se for a BSD simplificada ou de
> 2 clausulas, nao requer mais adicao do Copyright a documentacao, ja que o
> source nao e distribuido certo?

Errado. Requer, de qualquer forma, com qualquer tipo de distribuição, 
com a exceção clara se for licença BSD simplificada que tem apenas o 
disclaimer de responsabilidade. Se for a BSD original ou a 2-clause, 
requer a adição do Copyright.

No caso da licença do Reyk essa condição está explícita no trecho em 
destaque, como citado na notícia:

http://www.fug.com.br/content/view/362/2/

Porém, não é tão claro o que deve ser feito no caso de distribuição 
binária. Uma abordagem muito mais adequada, exatamente por não deixar 
margem para dúvidas, é a licença do FreeBSD:

http://www.freebsd.org/copyright/freebsd-license.html

"Redistribution and use in source and binary forms, with or without 
modification, are permitted provided that the following conditions are met:

    1. Redistributions of source code must retain the above copyright 
notice, this list of conditions and the following disclaimer.
    2. Redistributions in binary form must reproduce the above copyright 
notice, this list of conditions and the following disclaimer in the 
documentation and/or other materials provided with the distribution."

Note que a distribuição em source e em binário tem condições diferentes, 
de forma muito clara.

>>> E como fica essa questao de licenca dupla, nao perde o sentido
>>>>> licencear sob GPL e BSD se sao tao incompativeis?

Isso é uma boa questão mesmo, e eu acho que perde, no caso das licenças 
ser GPL e BSD. Se for BSD e XYZ talvez não perca, se for GPL e XYK 
talvez não também, mas GPL *and* BSD, são incompatíveis, ao menos em um 
dos sentidos. Veja bem, todos os termos da GPL podem ser aplicados em 
conjunto com a BSD, o que não prejudica a BSD. Mas nem todos os termos 
da licença BSD podem ser aplicados sem desrespeitar a GPL. Portanto é 
uma via de 2 fluxos, um fluxo é adequado, outro não. Isso porque por 
mais controverso que seja a frase a seguir, "a liberdade imposta pela 
GPL tem restrições", e a distribuição binária é uma dessas restrições. 
"Liberdade com restrições" e "liberdade imposta" podem ser expressões 
que não combinem em qualquer dicionário, mas a GPL oferece isso a você 
hehe, no dicionário do Stallman, andam lado-a-lado. Se isso não parece 
lógico, bem-vindo ao lado BSD da força =D

>>>> Eu já tratei desse assunto longamente em um artigo
>> [...]
>>> Então qual o sentido da GPL no caso desse driver atheros hal? Todas as
>>> "liberdades forçosas" da GPL são "flexibilizadas/permitidas" pela BSD,
>> então
>>> a GPL acaba não tendo valor. No caso dos Linuxers que fizeram a
>> modificacao,
>>> querem que a modificacao originada de sua modificacao (nehuma hehe)
>>> continuem aberta pra sempre. Mas se acompanhar a licenca BSD (e o autor
>> que
>>> que acompanhe), a BSD permite que qualquer um faca o que quiser,
>> inclusve
>>> distribuir binary-only. Elas ficam plenamente incomatíveis.
>> Exemplificaste bem o principal problema: alguns adeptos da GPL tentam
>> fazer dela uma mecanismo para "inocular" liberdade (ou pelo menos um
>> conceito muito restrito de liberdade). Quando fazem isso com seu próprio
>> código estão no seu direito mas mudar a licença de um código alheio sem
>> permissão é, legalmente, roubo.
>>
>> O Theo de Raadt veio a Porto Alegre em maio, para o FISL. Tive a chance
>> de, junto com alguns amigos, ter uma longa conversa de pizza e cerveja
>> com ele. Isso foi meses antes do incidente discutido agora e ele já estava
>> preocupado com esse tipo de coisa. O Stallman e a FSF têm divulgado a
>> mensagem errada há anos, infelizmente com muito sucesso. Isso levou
>> muita gente ter uma visão quase religiosa do assunto, o que dificulta
>> muitíssimo a discussão.
> 
> 
> Conversei com o Theo também, não gostei de algumas posicoes dele em relacao
> ao FreeBSD, como por exemplo sua posicao contraria a alguns codigos que nao
> sejam de licenca BSD, como ZFS, e dual-licencear trabalho financiado em
> BSD+XYZ se XYZ nao forem opensource. Eu pessoalmente discordo e acho que ha
> um risco de parecer tao radical quanto Stallman. E radicalismo, ao meu ver,
> e' um pe' fora da razao. Ainda que outro esteja dentro.

Vale lembrar que o proprio OpenHAL da Atheros, promovido peo Theo e 
desenvolvido pelo Reyk foi criado exatamente por causa dessa posição 
radical do Theo, ja que o melhor HAL hoje, é o do FreeBSD (adotado tbm 
no MadWiFi). De fato é o unico Atheros HAL que passa no controle de 
qualidade da propria Atheros. Mais que isso, é desenvolvido pelo Sam 
Leffler junto à Atheros. De fato é um HAL com uma licença chata e 
restritiva, que não permite modificação.

Porém, é exatamente ai que está o "Free" do "FreeBSD". O ath_hal está 
como contrib, e como tal há liberdade, inclusive exercida pelo Reyk, que 
o Theo, grande lutador em prol de diversas causas, deveria reconhecer. 
Por exemplo, sua grande briga em relação a documentação de hardware, no 
caso da atheros não existe, já que alem de abrir a documentação, fornece 
exemplo de código sobre como acessar o hardware. Esse código não pode 
ser modificado? Uma pena! Tanto que no FreeBSD vai em contrib. Mas mesmo 
assim, tem como abrir mais as especificações do que ter o código oficial 
de acesso aberto? Concordo que o Theo está certo, em querer toda a 
liberdade que o BSD ofereça, essa imposição da Atheros é negativa mesmo. 
Mas abrir mão de um código sólido e de alta qualidade, para refazer um 
do zero, ou adotar um não-tão-testado. FreeBSD prefere por o HAL como 
contrib.

Mas melhorando as comparações, olha a abordagem do FreeBSD quando quer 
permitir GPLzação de techos de código:

* Alternatively, this software may be distributed under the terms of the
* GNU General Public License ("GPL") version 2 as published by the Free
* Software Foundation.

Olha o tamanho da diferença da abordagem adotada pelo Reyk/OpenBSD. 
Nesse caso citado, o código é BSD, e não é GPL. Não sendo GPL não tem 
que continuar GPL. E o disclaimer acima permite redistribuição 
alternativa do mesmo código, porém, como GPL. É claramente uma "cláusula 
OR", e não um AND.

Os Linuxers estão acostumados com essa generosidade do FreeBSD ;) Então 
   "sugam mesmo". Mas não entendem que nem todo BSD é "Free" assim hehe. 
No caso da forma inadequada como GPLv2 e BSD são colocadas em conjunto 
no OpenHAL os Linuxers não podem torna-la apenas GPL.

Então pra que serve a GPL no OpenHAL? "more strings attached". É pra 
isso que serve.

-- 
Patrick Tracanelli

FreeBSD Brasil LTDA.
(31) 3281-9633 / 3281-3547
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