Em 5 de fevereiro de 2010 13:51, Glauber Machado Rodrigues (Ananda) < glauber.rodrig...@gmail.com> escreveu:
> > > 2010/2/5 Luciana Fujii Pontello <luci...@minaslivre.org> > >> (...) > > Então questione os interesses se você acha que existe algum motivo pra >> tal, mas não faça parecer que a liberação de código é uma coisa ruim. Eu >> luto pela liberdade de software, não pra que empresas tenham interesses >> bonzinhos. >> > > O problema é que por muito tempo agimos como se a liberação de código fosse > boa. > Eu mudei de idéia enquanto a isso, e atualmente acho que seja uma coisa > poderosa, > mas não boa. O que vai dizer se é boa vai depender do quanto tal evendo nos > aproxima do que queremos. > > Exemplo: alguém faz um sistema operacinal totalmente porco que ninguém liga > e libera o código fonte esperando que alguém dê jeito. As poucas pessoas > que > se envolvem com ele tem uma experiência horrível. Se outros projetos assim > aparecerem com muita frequência, a média dos softwares livres será ruim, > e a impressão de que o software livre tem qualidade é abalada. > Não só isso: milhares de projetos de SL podem parecer inicialmente como uma boa coisa (milhares de soluções para o mesmo problema). Só que a impressão que tenho é que na verdade causa a disperção dos recursos que temos que realmente desenvolvem SL. Ainda tem mais: toda a vez que uma grande empresa libera um fonte, corre um monte de gente para lá, para cá, e fica que nem barata tonta, deixando de lado os outros SLs que cresceram por serem livres sempre. Veja o caso do KOffice. Hoje em dia, ninguém nem lembra de citá-lo, porque a Sun liberou o OpenOffice. Todo mundo correu para o OO. E o outro, que era para ser um projeto bacana, com integração ao desktop real, está lá, no limbo... Conhece alguém que use o KOffice? Eu não conheço... pelo menos, não mais. Se a Adobe liberasse o fonte do Photoshop, o que aconteceria com o GIMP? Eu acho que ninguém mais ia usá-lo... ia ter uma pequena força resistente ao início, mas como o Photoshop já é forte em seu nicho de mercado, ele iria apenas invadir e quase que acabar com o GIMP. Claro que não ia acabar, mas a gama de usuários e interessados no GIMP ia gradativamente reduzir-se, até chegar o ponto onde manter o projeto já não fosse mais tão interessante. A Sun liberou o Java também... depois disso, não ouvi ninguém mais falar nada sobre as engines livres que estavam aparecendo na época (que me levam a crer que foi o que levou a Sun a liberar: o fato deles não quererem perder a egemonia da engine deles). > Esse é o perigo de apoiar qualquer coisa SL como se fosse boa. Ela apenas > tem > o potencial para ser, assim como o tem para não ser. Uma coisa que é ruim > fechada, > pode ser pior ainda aberta, e uma coisa que é boa fechada pode ser melhor > ainda aberta. > > > >> (...) > > Pra mim, o que interessa não é o que o copyright holder pensou ao >> liberar. O que interessa é a liberdade das pessoas que vão usá-lo. >> > > Acho que deveríamos nos preocupar se a experiência daquelas pessoas > com aquele software será boa ou ruim. Se a empresa tem um modelo > que atrai pessoas com os fontes que ela liberou, mas tem políticas > que tornem a participação da comunidade irrelevante, acredito que > a comunidade que se formou em volta desse software está sendo > enganada. > Exato. Não há clareza ainda sobre como a comunidade pode ou não contribuir para o projeto original. Pode acontecer ainda mais: o Symbian é aberto, surge então outro OS, controlado pela comunidade. A versão da Nokia do Symbian então passa a incorporar um controle específico sobre o hardware, que impede o funcionamento dele se não for com o Symbian Nokia, ou seja, o outro OS passa a ter apenas hardwares obsoletos como opção para executar. Novamente, qual a tendência? Que o número de interessados e usuários reduza-se gradativamente... Note que a licença escolhida é a EPL. Sabe quantos softwares proprietários e fechados surgiram a partir do Eclipse original? Inúmeros! Quase todo mundo hoje tem uma IDE baseada em Eclipse que é 100% fechada. Vide Zend Studio. Não estou falando aqui apenas de desenvolvimento de um plugin, mas da distribuição toda do Eclipse customizado. Você não tem acesso nem ao que seria aberto. A escolha da licença nesse caso, não é à toa. Empresas não fecham o olho e fazem uni-duni-tê na hora de escolher qual vão usar para liberação. > Se qualquer empresa percebe que pra um software dela específico faz >> sentido liberar o software por qualquer motivo, eu vou gostar da >> liberação mesmo que ela tenha zilhões de softwares proprietários. E é >> claro, vou continuar querendo que ela libere todo o resto. >> >> O que acontece é que uma empresa não tem uma opinião única. Tem vários >> setores e alguns são nossos aliados e outros não. Ao invés de virar as >> costas pra tudo, é melhor a gente aproveitar os aliados pra construir >> coisas e fortalecer o movimento de software livre. >> > > O problema é que quando estamos discutindo a respeito de quem achamos > que é nosso aliado, e dos nossos aliados quais são os mais parceiros, fica > parecendo que estamos só reclamando por esporte. > Pois é, parece que questionar algo já é reclamar e achar ruim. Tem gente que quando manda e-mail aqui parece que só o faz para aparecer e ganhar um tapinha nas costas do tipo "puxa, que coisa legal, hein cara?" esquecendo que tem gente que vai fazer uma leitura crítica, e levantar questionamentos relevantes. Não é reclamação querer saber mais detalhes, ou comentar sobre os riscos de uma ou outra decisão. Ao mesmo tempo que a Apple lançou o Ipad, ela mantém o webkit. Sim, >> provavelmente o webkit é livre só porque a base utilizada pelo webkit é >> livre, porque a Apple ganha contribuições do google e mais um monte de >> empresas/pessoas e não porque ela é boazinha. Mas a gente pode se >> beneficiar disso mesmo assim e se beneficia. Isso só mostra que é >> vantajoso liberar software e incentiva mais empresas a fazê-lo. >> >> Ao invés de separar as empresas entre inimigas ou amigas, que tal >> separar ações entre boas e ruins? >> > > Porque não os dois? Acho bom utilizar qualquer informação que temos, e > parabenizar > as pessoas que trazem as informações pra cá. Não dá para ficar sempre > alerta para > tudo o tempo todo. Precisamos saber em quem podemos confiar mais, e em quem > devemos ficar mais de olho. > > Confiar mesmo só em quem ficamos de olho tempo o bastante, ou em quem tem > recomendações de quem confiamos no processo de dar recomendações (Stallman, > etc...). Isso torna a vida mais fácil. Não é o ideal, mas o ideal sai bem > mais caro que isso. > Desculpa, mas então o político corrupto que desvia milhões de verbas, compra deputados e senadores para votarem a seu favor, mas que no final, fez uma coisa boa ao comprar esses caras, deve ser perdoado porque no fim a ação foi boa? Vide o Arruda, aqui em Brasília. Fez excelentes coisas. Mas a qual custo para a sociedade? (favor, não vamos discutir política aqui na lista, foi só um exemplo concreto para ilustrar um ponto). -- ================================= Pablo Santiago Sánchez Análise e Desenvolvimento de Sistemas Web Zend Certified Engineer #ZEND006757 phack...@gmail.com (61) 9975-0883 http://www.sansis.com.br http://www.corephp.com.br "Quidquid latine dictum sit, altum viditur" =================================
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