Oi Daniel: O tratamento do conceito de analiticidade com base em lógicas bi-dimensionais está apresentado no verbete da sep: https://plato.stanford.edu/entries/two-dimensional-semantics/#:~:text=Two%2Ddimensional%20(2D)%20semantics,been%20applied%20to%20thought%20contents.
"With a nod to Stalnaker (1978), we can call this the *diagonal intension* associated with the sentence. In Kaplan’s semantic framework, a necessary diagonal intension indicates that a sentence is *logically valid* and *analytic*: it’s guaranteed by semantic rules to be true in every possible context in which it is uttered, even though it may express distinct propositions in different contexts." O verbete em si é bastante esclarecedor. Abraços Bruno Em sexta-feira, 30 de abril de 2021 às 10:34:06 UTC-3, dura...@gmail.com escreveu: > Oi Bruno, > > Sobre seu ponto (1), concordo plenamente com o que você diz. Eu só quis, > em minha mensagem, reforçar a ideia de que quando se inclui a identidade na > lógica, seu comportamento em entimemas será diferente daquele de quando se > considera a identidade um conceito não-lógico. > > Sobre seu ponto (2), não tenho muito a acrescentar. Nunca estudei a > semântica bi-dimensional. Acredito no que você diz. > > Sobre seu ponto (3), sua impressão está correta, foi o que eu quis dizer > mesmo. Mas veja que eu frisei que este é o caso apenas quando se admite que > a identidade não é uma constante lógica. Neste caso não há outra opção para > uma teoria da identidade (ou qualquer outra teoria) além de ser um conjunto > de premissas (axiomas). Se temos pretensões para algum conceito maiores do > que aquelas que cabem em uma axiomatização formal, temos só duas opções: ou > o incluímos na própria lógica e (num sentido estrito) abandonamos a lógica > clássica; ou admitimos que nosso conceito não é (ainda) formalizável e, > neste caso, os métodos formais não vão nos ajudar muito a estudá-lo. Melhor > abordá-lo discursivamente. > > Se temos lógicas diferentes, ou concepções lógicas diferentes, isso vai > afetar não só nosso entendimento dos conceitos lógicos, como também dos > não-lógicos. Suponha que eu e você compartilhamos os mesmos axiomas sobre a > identidade: Vx(x=x) e indiscernibilidade dos idênticos. Se você for um > clássico e eu um intuicionista, teremos, mesmo assim, teorias distintas > sobre a identidade. > > Então eu concordo totalmente quando você diz que a “via da adoção por > adição de premissas não é a única”. E ainda acrescento; ela não só não é a > única via, como não é a via inteira. É só um pedaço. A lógica que adotamos > contamina todos os conceitos que utilizamos. > > Um abraço, > Daniel. > ----- > Departamento de Filosofia - (UFRN) > http://danieldurante.weebly.com > > > On 30 Apr 2021, at 09:19, bruno.ramos.mendonca <bruno.ramo...@gmail.com> > wrote: > > > > Olá, Daniel: > > > > Obrigado pela sua mensagem e perdão pela demora em responder. > > > > 1. Sobre o caráter lógico da identidade. Pode ser razoável atacar a > questão por essa via mas aqui corremos o risco de cair em uma ladeira > escorregadia: também outras palavras presumivelmente lógicas podem ter a > sua logicalidade posta em questão. Além disso, o fato de que há variadas > teoria da identidade não é de saída um argumento contra a sua logicalidade. > Também há diferentes concepções do significado da negação, e, apesar disso, > esse é certamente um conceito lógico. > > > > 2. Sobre o caráter não-clássico dessa concepção sobre identidade. Nós > não precisamos nos afastar do caso clássico aqui. Na verdade, o tratamento > mais tradicional apela a uma semântica bi-dimensional onde os mundos > possíveis são clássicos mas operam um duplo papel modal: em primeiro lugar, > atribuem conteúdos proposicionais a enunciados e, em segundo lugar, avaliam > aleticamente esses conteúdos. Com esse duplo papel modal pode-se definir > com independência modalidades epistêmicas (a priori, a posteriori) e > semânticas (analiticidade e sinteticidade). > > > > 3. Fiquei com a impressão de que, na sua intervenção, você identifica > "adoção de uma teoria" com "adoção de um conjunto de premissas (que podem > ser entinemáticas)". Noto isso quando você diz: > > >> Agora, se a identidade não está na lógica, ela pode se comportar de > outras maneiras. Muitas abordagens diferentes sobre a identidade ficam > disponíveis. Neste caso, para avaliar qualquer argumento que envolva a > identidade, você precisará sempre incluir nas premissas do argumento os > axiomas da sua teoria da identidade. Nos contextos em que esta teoria da > identidade está clara, você pode omitir seus axiomas, transformando seu > argumento em um entimema. > > > > No entanto (ainda que isso possa ser alvo de controvérsia filosófica) > uma teoria lógica também pode ser adotada. Porém, ela não é adotável do > mesmo modo que um conjunto de premissas ou hipóteses é adotável. A via da > adoção por adição de premissas não é a única possível, e talvez nem seja > possível quando falamos dos elementos lógicos que governam a validade dos > nossos argumentos. > > > > Abraço > > Bruno > > -- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/7bab7252-e9f5-4f74-9707-6b056d4a5408n%40dimap.ufrn.br.