Olás,

Pois é, concordo que a prova escrita já poderia filtrar tudo, mas as pessoas têm visões arraigadas de décadas e etc... Mas anoto os seus argumentos para levantá-los numa próxima reunião aqui. Só pra ver o pessoal mais velho espumando. 8-)

(Sobre o número de candidatos: concursos de física têm mesmo muito mais candidatos do que matemática, para quem quer enxugar "logo de saída" esse argumento sempre é levantado)

Sobre a coisa de estrangeiros: eu coleciono histórias ridículas a esse
respeito !!!!

1) Um colega nosso que se inscreveu num concurso aqui há um tempo atrás teve a
sua inscrição não-homologada, porque... Seu curriculum estava em espanhol.

Apesar de perfeitamente legível para quem quisesse ler, a justificativa que me deram foi: "o currículo faz parte da prova de títulos, e a prova tem que ser feita em português".

Pelo menos o Ciência sem Fronteiras aceita currículos e projetos em inglês.

2) Uma colega nossa que fez concurso aqui tinha o seu doutorado numa renomada universidade britânica, fundada em 1200 e alguma coisa. No processo para revalidação do diploma, veio a seguinte pérola do setor jurídico da universidade:

"O Instituto e a Universidade devem realizar esforços para contatar o consulado britânico para verificar se a Universidade de (...uma das duas tops que vocês estão pensando mesmo...) está credenciada a dar diplomas de doutorado"

... Depois quando veio a tese para que eu desse o parecer (o processo veio pra minha mão, por isso li a pérola acima), pediam que se falasse das "credenciais acadêmicas" da tal universidade, e eu comecei falando: eles formam doutores desde 1220...

3) A FAPESB, que é a FAP local aqui da Bahia, teve recentemente aberto um edital para pesquisador visitante. Eu fiquei sabendo três semanas antes do deadline e já era impossível se inscrever. Falta de tempo para fazer um
projeto ? Não, projeto a gente faz em uma semana...

A FAPESB pedia que O PESQUISADOR CANDIDATO *assinasse* pelo menos uma das duas vias do projeto (em PAPEL, percebem ?) a ser protocolado (como se fizesse diferença eu mandar uma ou duas folhas de formulário para a Europa para ser assinado e voltar, sem nenhuma garantia que os correios dessem conta do processo em três semanas).

4) Outra da FAPESB: normalmente queremos trazer candidatos estrangeiros para que eles aprendam a língua e já vão adiantando toda a documentação para lá na frente fazer um concurso, certo ? Pois é, para o pós-doutorado da FAPESB, se pede, para candidatos estrangeiros, REVALIDAÇÃO DO DIPLOMA NO BRASIL - antes mesmo do cara vir pra cá !!! É mole ?

... E se eu parar pra pensar eu lembro de outras histórias, essas acima são as mais recentes.

Estamos muito distantes da tal "internacionalização da ciência brasileira", porque para fazer isso já deveríamos ter avançado do "provincianismo da ciência brasileira" (e dos órgãos públicos em geral) para uma situação pelo menos razoável para a partir daí melhorar.

Até,

[]s  Samuel


Quoting Joao Marcos <botoc...@gmail.com>:

Olá, Samuel:

O pessoal de departamentos de matemática, em geral, não gosta muito que
físicos tentem entrar, e também não simpatizam muito com engenheiros, então
eles evitam o "áreas afins". Sei disso de vários departamentos de
matemática.

Além do preconceito com outras áreas, eles acham que se deixar o áreas afins
"se inscreve muita gente" e fica difícil fazer o concurso.

Se vocês forem "suficientemente" rigorosos na correção da prova
escrita, que é eliminatória, podem deixar passar para a etapa que toma
mais tempo da banca (apresentação de aulas, defesa de memorial etc)
apenas uma quantidade de candidatos "razoável".  Não é necessário
filtrá-los ANTES do concurso... (em Filosofia a filtragem costuma ser
ainda mais absurda, e é frequente a exigência de "graduação em
Filosofia", ou algo parecido)

Não me parece que os vários concursos que vocês abriram nos últimos
tempos (e que, de forma geral, têm sido abertos prodigamente Brasil
afora!) tenham sofrido exatamente com "excesso de candidatos", não é?
Seria muito bom, aliás, que pudéssemos travar lutas mais
significativas e permitir que candidatos estrangeiros (há alguns nesta
própria lista) pudessem prestar estes concursos no Brasil com mais
facilidade (editais e provas em língua inglesa, ou mesmo à distância).
 Recordo que o requisito de "demonstrar proficiência" (prova CELPE, ou
equivalente), assim como o de "comprovação de título", legalmente são
exigidos apenas no momento da contratação.

Enfim, a Lei Nacional (e o grupo de Matemática da UFBA) certamente já
é simpática a candidatos estrangeiros --- falta agora realmente
facilitar a participação deles, para sermos capazes de "importar
cérebros" sem impor qualquer tipo de protecionismo besta.

* * *

Uma ilustração engraçada (trágica?): vocês notaram que não há versão
em língua estrangeira do *edital* do nosso programa "Science Without
Borders"?  Temos neste momento uma candidata indiana pré-aprovada para
vir para cá, mas para a fase final estou tendo que traduzir as coisas
para ela eu mesmo...

* * *

Por sorte minha, no meu concurso para o Depto de Informática no qual
hoje trabalho havia "ou área afim" no requisito de titulação, e me
permitiram por isso disputar com meu título em Filosofia.

JM

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