Puxa, isto está interessante, Georgenes. Dória, o que acha? Qual seria a "tese certa" na opinião de vocês? Se me permitem, falo como lógico. Quando temos uma certa concepção algo vaga, como o liberalismo ou mesmo uma teoria científica (e vou ficar nelas) proposta informalmente, como uma teoria da biologia, da economia, etc.(a palavra "teoria" está sendo usada em sentido amplo), podemos eventualmente axiomatizá-lá ou mesmo formalizá-lá. Acho que, para aplicar as técnicas de Gödel e seus teoremas, temos que reconstruir uma porção de tal teoria de forma que o teorema se aplique, senão nada feito. Até aí tudo bem. Mas o que acho é que não se pode provar que o que obtemos é "a mesma" teoria informal que tínhamos. Temos que postular isso, via uma espécie de Tese de Church para teorias. E não pode ser demonstrado que as versões formal e informal batem. Assim, o que Dória et al podem ter feito foi mostrar certos resultados para versões formais de alguma concepção, o que não implica que tenham refutado algo estabelecido na forma em que o teorema não se aplique. Enrolei? O que acham? D
------------------------------------------------------ Décio Krause Departamento de Filosofia Universidade Federal de Santa Catarina 88040-900 Florianópolis - SC - Brasil http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause ------------------------------------------------------ Em 28/02/2012, às 11:44, Georgenes Gustavo Nogy <gustavon...@yahoo.com.br> escreveu: > Pois é, Francisco, e a questão é: a teoria "neoclássica" - sejamos precisos > com o que primeiro quiseram dizer com isso: o neoliberalismo - no qual > colocam a Terceira Via britânica, o FHC, decerto o Roberto Camos, o estatismo > desenvolvimentista dos milicos brasileiros, Guilherme Merquior et caterva - > tudo, enfim, que não seja Lula, Dilma, Castro e todos os outros democratas > que conhecemos tão bem - simplesmente não representa o liberalismo em geral e > muito menos o liberalismo de Mises e Rothbard, pra citar apenas os dois > maiores expoentes. Esse meio-de-caminho, esse vai-não-vai que alguns > liberais, que não são liberais o suficiente para abandonar as teses > socialistas nem socialistas o bastante para largar as teses liberais, não > representa o cerne mesmo da visão de livre mercado, me desculpe. Dos > austríacos, por exemplo, o mais radical deles, Rothbard, NEGA a utilização da > matemática ou sua relevância no estudo da economia. E ele era > matemático também. Repito: longe de mim negar a sofisticação lógica da > refutação. Apenas estou dizendo: refutaram a tese errada. Criaram um > espantalho, bateram bastante nele, mas não perceberam que o alvo não era > aquele. > > > > ________________________________ > De: Francisco Antonio Doria <famado...@gmail.com> > Para: Georgenes Gustavo Nogy <gustavon...@yahoo.com.br> > Enviadas: Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2012 11:25 > Assunto: pvt > > > Vou te responder em pvt: um dos pontos centrais da teoria neoclássica é o > teorema de Arrow-Debreu, que afirma, sumariamente, todo mercado competitivo > tem preços de equilíbrio. > > > On Tue, Feb 28, 2012 at 11:07 AM, Georgenes Gustavo Nogy > <gustavon...@yahoo.com.br> wrote: > > Só uma observação: a discussão aqui não começou tão gratuitamente quanto > parece. Não foi o Décio, salvo engano, quem linkou o artigo sobre a suposta > refutação do livre mercado neoliberal via procedimentos lógicos. E daí > começou a quizumba. >> >> Manjo (ainda) menos de lógica do que gostaria. Mas noto apenas o seguinte: >> do ponto de vista do livre mercado, ao menos no que toca ao liberalismo >> clássico e, especialmente, à escola austríaca de economia, a refutação está >> refutada por dois motivos muito simples. >> >> a) neoliberalismo não é admitido pelos liberais clássicos e especialmente >> pelos austríacos (Mises, Rothbard) como válido. É, já, uma mistureba de >> conceitos liberais com esquerdismo soft. Enfim, a tal da terceira via. >> >> b) a tese de que os liberais professam oequilíbro do livre mercado >> simplesmente não se aplica. O livre mercado é estruturalmente >> desequilibrado, por sua própria natureza de processo de troca de informações >> no tempo e preferências subjetivas e, portanto, pouco ou nada previsíveis. O >> "equilíbro do mercado", como se este pudesse ficar todo certinho e >> distribuir os recursos bonitinho para todos, não é uma tese que liberais, de >> fato, defendam. É uma tese dos neoliberais mais propensos à esquerda ou ao >> estatismo que à liberdade. Então, me perdoem: podem ter refutado o >> neoliberalismo, que é muito menos liberal do que se imagina. Agora o livre >> mercado não refutaram. >> >> Por fim, percebo que muitos tomam desequilíbrio como sinônimo de pobreza >> para muitos e riqueza para uns poucos. E isso são problemas outros. >> >> _______________________________________________ >> Logica-l mailing list >> Logica-l@dimap.ufrn.br >> http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l >> > > > -- > fad > > ahhata alati, awienta Wilushati > _______________________________________________ > Logica-l mailing list > Logica-l@dimap.ufrn.br > http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l _______________________________________________ Logica-l mailing list Logica-l@dimap.ufrn.br http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l