/*Logicomix: Uma Jornada Épica em Busca da Verdade*/, uma inovadora 
história em quadrinhos que conta a vida do filósofo *Bertrand Russell* e 
seu apaixonado objetivo de estabelecer os fundamentos lógicos de todos 
os princípios matemáticos.

Nessa sua angustiante busca pela verdade absoluta, Russell cruzou com 
pensadores como *Gottlob Frege*, *David Hilbert*, *Kurt Gödel* e *Ludwig 
Wittgenstein*. Em meio a amor e ódio, paz e guerra, Russell persistiu em 
sua obstinada missão, que ameaçava tanto sua carreira como sua vida 
pessoal, e o levou ao limiar da insanidade. /Logicomix/ é ao mesmo tempo 
um romance histórico e uma introdução acessível a algumas das mais 
brilhantes ideias do campo da Matemática e da Filosofia moderna. Com um 
trabalho de caracterização sofisticado e ilustrações expressivas e 
sugestivas, ele transforma a busca dessas ideias em uma narrativa cativante.

Lançado em 2009 pela editora *Bloomsbury* na Inglaterra e nos Estados 
Unidos, o álbum, produzido a quatro mãos, tem roteiro de *Apostolos 
Doxiadis* e *Christos H. Papadimitriou*, arte de *Alecos Papadatos*  e 
cores de *Annie di Donna*.

<http://mayraclara.files.wordpress.com/2010/07/logicomix.gif>


    Super-Homem? Batman? Não!É o Super Bertie!

*Logicomix, a grande aventura da lógica em quadrinhos, lidera as vendas 
de romances gráficos nos EUA*

02 de janeiro de 2010 | 0h 00

Sérgio Augusto, ESPECIAL PARA O ESTADO – O Estadao de S.Paulo

Um gibi sobre a lógica e a matemática já seria uma façanha e tanto. Que 
virasse best-seller, uma redobrada proeza. Mas foi isso o que aconteceu 
com Logicomix, uma história em quadrinhos sobre a busca da verdade e os 
fundamentos da matemática e da lógica simbólica, há semanas liderando as 
vendas dos romances gráficos editados nos Estados Unidos.

Sem super-heróis, porém repleta de ídolos da ciência e da filosofia 
analítica, é uma aventura intelectual sui generis: imaginosa, excitante, 
bem-humorada, instrutiva, um blend de fantasia e reflexões tão acessível 
quanto O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Outro parâmetro é o 
premiado Gödel, Escher e Bach, de Douglas Hofstadter, biomix de três 
gênios, com incursões pela lógica matemática, pela arte, por fugas, 
geometrias, paradoxos, proteínas, estruturas sintáticas, zen-budismo e 
inteligência artificial, porém sem quadrinhos. Mesmo quem não entende 
nem gosta de matemática lê Logicomix com imenso prazer – elevado ao 
quadrado se for um admirador de Bertrand Russell.

Só elogios recebeu o épico de Apostolos Doxiadis & Christos H. 
Papadimitriou, mencionado em quase todas as listas de “melhores livros 
do ano” nos dois lados do Atlântico, do New York Times à revista online 
Salon, e prestes a sair aqui pela Martins Fontes. “A matemática nunca 
foi tão estimulante”, reconheceu o crítico do britânico The Guardian. 
“Não tem nada a ver com os seus aparentes similares”, advertiu um 
colunista do San Francisco Chronicle, distinguindo Logicomix do que 
Frank Miller fez com a Batalha das Termópilas em 300, que, na 
comparação, vira um gibi rotineiro.

Escrito originalmente em inglês e logo traduzido para o grego por 
Doxiadis, tem mais dois coautores: o desenhista Alecos Papadatos e a 
colorista Annie Di Donna. Apostolos nasceu na Grécia e cresceu na 
Austrália; Christos é americano de origem grega, como Alecos. O primeiro 
teve o estalo e o segundo, doutor em informática, contribuiu com o que 
aprendeu sobre lógica, matemática e computadores na Universidade de 
Berkeley. Os dois custaram um pouco a acertar o passo, enquanto davam 
voltas com o cachorro de Doxiadis pelas ruas de Atenas. Doxiadis queria 
mais tragédia espiritual, mais drama pessoal, e Papadimitriou, maior 
ênfase na lógica. Esse peripatético brainstorm faz parte da narrativa, 
também, portanto, uma experiência metalinguística.

Toda a saga da argumentação lógica e os conflitos envolvendo seus 
protagonistas, desde a segunda metade do século 19 até a aurora digital, 
é contada pela perspectiva de quem a viveu com mais intensidade, o 
filósofo, lógico e agitador político Bertrand Russell (1872- 1970), o 
mais longevo dos gênios vitorianos (Bernard Shaw morreu em 1950, com 
quatro anos a menos). Merecida deferência. Além de extraordinário 
matemático, o parceiro de Alfred North Whitehead no seminal Principia 
Mathematica foi, num certo sentido, o mais influente filósofo do século 
20, o Voltaire do seu tempo, o primeiro intelectual público moderno.

O mais racional dos epicuristas ou o mais epicurista dos racionalistas, 
Bertrand Russell, para os amigos, Bertie, abriu as portas do pensamento 
ocidental para várias gerações, que até por isso o puseram acima de 
Martin Heidegger (relevem a ideologia nazista do professor, mas não a 
sua obscuridade e pedante falta de humor) e, no que diz respeito às 
revoltas estudantis dos anos 1960, acima de Herbert Marcuse. 
“Baderneiro” de rua, não de gabinete, como Marcuse, Russell foi o 
verdadeiro padroeiro da estudantada rebelde e pacifista de quatro 
décadas atrás.

Afora as mulheres que passaram, oficialmente, por sua vida, gravita em 
torno do mercurial galês uma dezena de companheiros de jornada, em geral 
ligados ao legendário Círculo de Viena (confraria de intelectuais 
interessados em assuntos filosóficos, epistemológicos e científicos, 
berço do Positivismo Lógico), como Moritz Schlick, ao nicho acadêmico de 
Cambridge, como Whitehead e G.E. Moore, ou a ambos, como Ludwig 
Wittgenstein. Para não falar de Bloomsbury, grupo 
lítero-filosófico-artístico de Londres, por cuja criação Bertie e Moore 
foram os principais responsáveis.

A certa altura, Doxiadis se pergunta por que tantas sumidades da lógica 
e da matemática e seus parentes mais próximos tinham um parafuso a 
menos. Seria a loucura o preço cobrado pela busca obsessiva do absoluto 
racional?

Russell conviveu com dois tios malucos e um filho e uma neta 
esquizofrênicos. O prussiano David Hilbert, matemático da mesma estatura 
do francês Henri Poincaré, também teve um filho esquizofrênico, que aos 
15 anos foi trancafiado num hospício pelo pai, e lá apodreceu. Kurt 
Gödel, outra estrela de Logicomix, era paranoico, e George Cantor morreu 
louco, depois de tentar provar que as peças de Shakespeare foram 
escritas por Francis Bacon e que Jesus era filho natural de José de 
Arimateia. Os supostos normais ou desenvolveram outro tipo de doença 
mental (como o antissemitismo do alemão Gottlob Frege) ou morreram muito 
mal, como o húngaro John Von Neumann (de um câncer provocado pelas 
partículas atômicas das bombas que ajudou a criar) e Moritz Schlick 
(assassinado por um estudante nazista).

Logicomix fecha com panache uma década em que, mais do que nunca, os 
quadrinhos não tiveram vergonha de pensar alto e ousaram pescar fora do 
raso, adaptando e parodiando obras literárias, discutindo questões de 
Física e metafísica, fazendo jus, em suma, ao pernóstico rótulo de 
“romance gráfico”, por sinal execrado por Robert Crumb e outros 
visionários dos comics.

Há pelo menos duas décadas que clássicos da literatura ressuscitam sob a 
forma de quadrinhos, não necessariamente seguindo o figurino 
convencional da coleção Classics Illustrated, de meados do século 
passado, aqui adaptada pela Editora Brasil-América com o título de 
Edições Maravilhosas. Perdi a conta de quantos gibis já se inspiraram na 
obra de Kafka depois de Crumb (editado entre nós pela Relume Dumará) e 
Peter Kuper (o melhor de todos, traduzido pela Conrad), para não falar 
da influência de Kafka nos quadrinhos de Art Spiegelman. Era sem dúvida 
o Gregor Samsa de A Metamorfose que os autores de uma aventura do 
Superboy tinham em mente quando, faz pouco tempo, transformaram a 
namoradinha do Super-homem adolescente, Lana Lang, numa mulher-inseto.

Das paródias, as mais interessantes trazem a assinatura de Robert 
Sikoryak, inventor da coleção Masterpieces Comics. As “obras-primas” da 
literatura entram com a intriga, a problemática, e os quadrinhos com os 
personagens. Na sua versão de A Metamorfose, quem acorda transformado 
num horripilante inseto é o cândido Charlie Brown, e quem é marcada com 
a estigmatizante “letra escarlate” de Nathaniel Hawthorne é a mãe da 
Luluzinha. À margem dessa coleção, Sikoryak criou os Dostoyevsky Comics, 
assim mesmo grafados, com um Batman atormentado por todos os crimes, 
culpas e castigos do dostoievskiano Raskolnikov. É muito bem sacado, 
embora sem o brilho, a originalidade e a audácia das experiências do 
britânico Alan Moore e seu parceiro David Gibbons, na segunda metade da 
década de 1980.

Moore criou e Gibbons deu forma gráfica a Watchmen, o cerebral gibi, não 
o filme dele extraído. Cheia de alusões literárias, figuras reais 
(Nixon, Ronald Reagan, etc.) e referências a questões de Física, 
matemática fractal e Teoria do Caos, é uma distopia erudita, de resto 
condenada à atualidade eterna, cuja síntese é a famosa pergunta do 
satirista romano Juvenal, “Quis custodiet ipsos custodes?” (Quem vigiará 
os vigias?), inspiração do título Watchmen (vigias, guardas, em inglês). 
Sem a contribuição seminal de Moore, seriam bem menores as chances de um 
gibi com Bertrand Russell como herói e os fundamentos da matemática como 
tema sair do papel, ou melhor, do computador.



<http://mayraclara.files.wordpress.com/2010/07/estadao.jpg>

*Making of*

http://www.youtube.com/watch?v=Gbx9M-n7nCU&feature=player_embedded 
<http://www.youtube.com/watch?v=Gbx9M-n7nCU&feature=player_embedded>

http://www.youtube.com/watch?v=6x-xDiXzVHE&feature=player_embedded 
<http://www.youtube.com/watch?v=6x-xDiXzVHE&feature=player_embedded>

http://www.youtube.com/watch?v=O1638wSsi-8&feature=player_embedded 
<http://www.youtube.com/watch?v=O1638wSsi-8&feature=player_embedded>

http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?ID=553060

Enjoy!

Inté.



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"Eu sei que o mundo não é justo, mas por que ele não pode ser injusto a 
meu favor?"
Calvin (Bill Watterson)




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"Eu sei que o mundo não é justo, mas por que ele não pode ser injusto a 
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