Walter (e colegas),

respondendo a sua questao mais geral, eu acho que o problema de
revisores/pareceristas e' bem serio mesmo. Primeiro porque o numero de
publicacoes esta' aumentando tanto que mesmo que uma pessoa seja
dedicada e leia alem do paper que se comprometeu pelo menos mais um ou
dois do mesmo autor e pelo menos um ou dois de pessoas que discordem
do autor (sem contar o que a gente tem que ler pra descobrir quem sao
as pessoas que discordam do autor) as chances de outros artigos
importantes serem ignorados continuam muito grandes. e cada vez
maiores...

Segundo porque a minha impressao e' que a geracao mais nova se recusa
simplesmente a fazer pareceres. A linha de raciocinio de alguns 'e: eu
nao ganho nada pra fazer parecer, pra que faze-lo? o codigo de honra
de que, se voce quer ter os seus papers revisados por alguem, entao
tem que fazer o mesmo por outros, parece que saiu de moda. E', nao tem
jeito da gente saber quem faz ou nao faz parecer e como editora eu me
confronto um tanto com essa falta de disposicao pra um trabalho
ingrato, que a gente so' faz mesmo porque acha que 'e dever da gente.

alguns amigos levam mais longe e so fazem pareceres se forem abertos:
assim pelo menos voce ganha o reconhecimento do trabalho feito (essa
posicao eu respeito muito, mas acho dificil de transformar todos os
pareceres em abertos). mas outros se escondem por tras da falta de
tempo (que e' claro 'e real pra todo mundo) pra nunca fazer esse
servico necessario. isso eu acho uma safadeza, aquela mania antiga de
querer se dar bem...


de qualquer forma com os volumes de literatura especifica crescendo do
jeito que estao, acho que vamos ter mesmo que inventar novos
mecanismos de controle de qualidade. e' claro que hoje em dia qq
pessoa pode pager 7 dolares por ano e publicar (sem referees) tantos
papers quanto lhe der na telha na internet, no seu proprio site.

 algumas pessoas acham que na base de numeros de pessoas que descobrem
e leem o que tem por ai, um sistema novo de reputacao vai ser
estabelecido. eu sou meio descrente. acho que pra cada cada Perelman
que publica so pros amigos, tem um milhao de malucos que tb publicam
so pros amigos e a vida de quem quer realmente aprender fica cada vez
mais dificil.

nao, eu nao fiz parecer do paper do Priest nao. e tb nao sabia nada
sobre as outras referencias que voce mencionou.  e sim, e' um assunto
que me interessa muito. pois e', a coisa esta' cada vez mais
dificil...

abracos,
Valeria
2010/4/11 Walter Carnielli <walter.carnie...@gmail.com>:
> Gostaria de  levantar  uma questão, envolvendo o artigo  "Dualising
> Intuitionistic Negation"
> de Graham Priest, que acaba  de aparecer  no primeiro volume (de três)
> de Principia, em homenagem
> aos 80 anos do Prof. Newton da Costa:
> http://www.cfh.ufsc.br/%7Eprincipi/olvol132.html,
> conforme  gentilmente postado  pelo Décio.
>
> É  claro que cada autor é livre  para escolher suas referências.
> Mas como é possível que a ciência e  os critérios de  publicação sejam
> tais,   que  um autor como
> Priest vem ao Brasil,   publicar numa revisa brasileira como
> Principia, e desconsidere  olimpicamente
> o que autores brasileiros já disseram  sobre a tal dualidade
> intuiocionismo X paraconsistência?
> Não se seu ao trabalho de  procurar, ou "não leu e  não gostou"?
>
> Refiro-me à tese  de Giovanni da Silva de Queiroz   "Sobre a dualidade
> entre intuicionismo e paraconssistencia"  defendida em i998 na
> UNICAMP (disponível on line, orientado  pela nossa colega Itala Maria
> Loffredo D'Ottaviano).
> E refiro-me também ao artigo "Anti-intuitionism and paraconsistency"
> (Andreas B.M. Brunner  e Walter A. Carnielli
> Journal of Applied Logic volume 3, Issue 1, March 2005, Pages 161-184.
>
> Ainda  mais que o referido artigo foi publicaod nos proceedings do
> WoPaLo de Trento
> (cf. editorial "A Paraconsistent Decagon, The Workshop on Paraconsistent 
> Logic"
> cujos editores foram  João Marcos, Diderik Batens e eu mesmo).  E  a
> desconsideração é mais
> profunda: desconsidera até a contribuição de Urbas de 1996,
> "Dual-intuitionistic logic" (Notre Dame Journal).
>
> Espero que não me compreendam  mal: não se trata aqui de  nenhuma
> atitude  hipócrita de "cite-me, por favor".
> Priest  poderia ter criticado, esculhambado e mostrado que seu enfoque
> fosse  melhor--mas  não vejo que
> em publicações científicas se possa desconsiderar, e repetir o que foi dito...
>
> Digo isso para levantar uma questão: até que ponto nosso  sistema de
> pareceristas  funciona?
>
> Abraços,
>
> Walter
>
> --
>
> +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
> Walter Carnielli
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