BIBLIOTECA DA ERA DIGITAL
Em Lausanne, na Suíça, o Centro Rolex substitui as prateleiras por
multimídia
06 de novembro de 2011 | 3h 07
DER SPIEGEL - O Estado de S.Paulo
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,biblioteca-da-era-digital-,795217,0.htm

Um prédio parece flutuar feito uma nuvem sobre a margem norte do Lago
Genebra. Esta é a nova biblioteca do Instituto Federal Suíço de Tecnologia,
em Lausanne, uma instalação futurista de vidro e concreto. O Centro Rolex
de Aprendizado reúne o acervo das bibliotecas de dez departamentos
acadêmicos numa única localização central. Aqui, estudar sozinho cercado
por prateleiras de aço é coisa do passado. Em vez disso, esta biblioteca do
futuro procura ser um mercado de ideias.

Sua diferença em relação às bibliotecas tradicionais fica evidente logo na
entrada, que conta com vitrines de vidro exibindo dispositivos eletrônicos
fabricados pela Logitech e paredes das quais pendem relógios Rolex
gigantescos, uma referência aos fundadores da biblioteca. Um café oferece
croissants frescos e jornais em inglês, francês, árabe e chinês. Uma
livraria vende livros de Tintin e cartões -postais cafonas. O complexo
conta até com um restaurante chique.

Rampas de acesso para deficientes, curvadas como pistas de esqui, cortam o
edifício. As janelas se abrem automaticamente quando o ar fica abafado e,
então, pardais entram pelos vãos e sobrevoam os coloridos pufes onde os
estudantes cochilam e conversam. Casais flertam sob lustres projetados pela
Artemide. O mais raro de se ver aqui são os livros. A instalação parece
projetada com o objetivo de mostrar aos visitantes que aprender é muito
divertido.

"O que criamos aqui se parece com uma Disneylândia do conhecimento", diz
David Aymonin, supervisor da construção do Centro. "Nós, bibliotecários,
não estamos mais a serviço dos livros, mas dos frequentadores da
biblioteca. Muitos estudantes passam boa parte do dia aqui", diz Aymonin.
"Por isso oferecemos a eles muito do que precisam para satisfazer suas
necessidades básicas: comida, descanso, compras e, claro, acesso aos livros
usados por eles em seus cursos." Na época das provas, a demanda por livros
e lanches dobra.

Mas há quem se pergunte se laptops e outros instrumentos da era digital
são, de fato, benéficos ao aprendizado dos estudantes. "Quando há um livro
sobre a mesa, é mais fácil promover um debate a respeito dele, mas a tela
de um laptop é uma barreira visual que separa as pessoas umas das outras",
diz Frédéric Kaplan, que pesquisa o futuro da leitura com especialistas em
educação e programadores no Centro Rolex. "Queremos substituir o computador
pessoal por um 'computador interpessoal'", explica.

Kaplan está diante de um robô capaz de projetar gráficos e textos sobre uma
mesa. O sonho dele é criar bancos de dados que possam ser explorados por
múltiplos usuários ao mesmo tempo por meio da manipulação das imagens sobre
a mesa. "Aprender com os livros é algo que se pode fazer individualmente,
mas o desenvolvimento desse aprendizado é algo que só pode ser feito por
meio do debate com outros leitores. Aqui estamos pesquisando uma forma de
promover debates inteligentes."

Para tanto, a mesa diante dele conta com microfones internos que registram
de qual lado da mesa está ocorrendo a conversa. "Quando uma conversa começa
a se parecer mais com um monólogo, a mesa intervém, mudando de cor",
explica Kaplan, vendo-se obrigado a rir de si mesmo enquanto a mesa diante
dele começa a brilhar com um vermelho forte. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL




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