Será o fim das apostilas?

Instituições de ensino começam a distribuir tablets para atrair alunos e 
reduzir custos com a impressão e distribuição de material

Salete Silva

Com os primeiros modelos lançados no Brasil apenas no final do ano passado, os 
tablets rapidamente cativaram o gosto do público jovem e ligado às novas 
tecnologias. A tendência é especialmente observada por instituições de ensino 
superior, que veem nesses computadores em forma de prancheta eletrônica uma 
oportunidade para conquistar novos alunos e reduzir custos, no médio e longo 
prazo, com a impressão e distribuição do material didático.

O fato é que os tablets possuem recursos adequados às atividades acadêmicas - 
como a possibilidade de incluir vários livros num único dispositivo, editar 
documentos, acessar fotos e vídeos, além de navegação na web - e, por isso, 
começam a ser incorporados aos projetos pedagógicos, de gestão e de tecnologia 
de algumas instituições.

Livros multimídia
Este ano, a Estácio de Sá adotou a substituição das apostilas pelos tablets. A 
iniciativa faz parte de um projeto de integração do modelo de ensino, que vem 
sendo desenvolvido pela instituição nos últimos dois anos e que receberá um 
investimento total de R$ 40 milhões num período de quatro anos, que vai 
terminar em 2012. Os alunos dos cursos de direito e gastronomia, no Rio de 
Janeiro, serão os primeiros a receber os dispositivos no qual vão poder revisar 
o conteúdo aplicado, fazer anotações pessoais, exercícios, trabalhos 
acadêmicos, realizar simulados, provas de concursos e acessar outros serviços 
entre os quais uma biblioteca virtual, com mais de 1.600 obras.

Já no Centro Universitário Uniseb Interativo COC, ao efetivar a matrícula, cada 
aluno aprovado no processo seletivo de 2011 recebeu um tablet sem custo 
adicional. O pró-reitor Jeferson Fagundes revela que a distribuição do tablet 
até agora aumentou em 26% o número de inscritos. Nos dispositivos os alunos têm 
acesso aos conteúdos dos livros referentes aos módulos do curso e também podem 
participar do ambiente virtual de aprendizagem da instituição, onde são 
disponibilizados manuais de estágios e de conclusão de cursos, textos 
complementares, roteiros de estudos, biblioteca virtual, secretaria, entre 
outros serviços.

Além de possibilitar a atração de alunos, a estratégia do grupo COC leva em 
consideração ganhos referentes à logística e à redução das despesas com a 
distribuição semestral de material para os 147 polos de ensino da instituição 
em todo o país. A consciência de preservação ambiental com o fim da impressão 
do material didático foi um outro fator avaliado pelo COC na hora de decidir 
pelo novo investimento.

Questão de economia
A reitora e diretora-executiva de Ensino da Estácio de Sá, Paula Caleffi, não 
tem dúvida quanto ao impacto ambiental positivo. Ela calcula que a 
transferência do material em papel para o meio digital deverá resultar em uma 
economia anual de 6 milhões de páginas impressas ou cerca de 240 milhões de 
páginas em cinco anos.

No grupo Estácio de Sá ainda não há dados estatísticos que mostrem o impacto do 
fornecimento dos novos equipamentos no aumento do número de matrículas. Mas a 
expectativa é que a nova tecnologia também reflita na expansão de inscrições. 
Nos próximos cinco anos, todos os alunos dos 17 estados abrangidos pelo grupo 
deverão receber o tablet.

Os aspectos econômico, ambiental e de atração, no entanto, podem não ser os 
únicos considerados na hora de decidir pela substituição do meio impresso para 
o digital. Com o uso dos dispositivos, o pró-reitor do Uniseb aposta também na 
inclusão digital e na melhoria da qualidade de ensino, com o estímulo da 
autoaprendizagem.

Para Fagundes, as tecnologias móveis facilitam o acesso aos conteúdos 
educacionais, promovem a interação com o tutor e permitem o diálogo com seus 
pares proporcionando maior autonomia no processo de ensino e aprendizagem.

Investir na capacitação de professores e alunos, porém, é uma ação importante e 
necessária para o melhor aproveitamento do equipamento. "Se não existir a 
interação entre professor, tablet e aluno, não adianta ter tecnologia de ponta 
em sala de aula", adverte o professor e doutorando pelo Instituto Tecnológico 
de Aeronáutica (ITA) em Engenharia de Computação Carlos Valente. De acordo com 
ele, os professores precisam ter conhecimento das diversas formas de explorar a 
nova tecnologia. "As redes sociais, por exemplo, podem ser integradas à 
estratégia pedagógica em sala de aula a fim de complementar o aprendizado", 
recomenda.

O presidente da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), Frederic 
Litto, concorda. De acordo com ele, além de conhecer todo o potencial dos 
equipamentos, os professores vão ter de ter uma preocupação especial com o 
conteúdo ministrado porque o aluno terá mais subsídio para avaliar a qualidade 
da aula apresentada. "O professor tem de aprender a ser o arquiteto do curso", 
salienta.

Bibliotecas virtuais
O presidente da Abed lembra ainda outro benefício que o uso dos tablets pode 
trazer às instituições de ensino a longo prazo: a redução de custos com a 
manutenção de bibliotecas, já que o equipamento permite acessar o acervo de 
bibliotecas virtuais como a oferecida pelo Google. "Bibliotecas são um 
investimento alto para as instituições de ensino porque é necessário investir 
em estantes adequadas, climatização do ambiente, manutenção de serviço de 
limpeza e funcionários", destaca.

Lito acredita que, nos próximos anos, a oferta do Google Books deverá saltar 
dos atuais 5 milhões para 22 milhões de títulos disponíveis, o que significa 
possibilitar aos estudantes o contato com um acervo muito interessante nos 
próprios tablets.

Mas as bibliotecas físicas serão mantidas e devem continuar recebendo 
investimentos, pelo menos por enquanto. Na Estácio de Sá, Paula conta que ainda 
não há economia com biblioteca porque sua manutenção é norma do Ministério da 
Educação. "Se o MEC entender no futuro que a biblioteca virtual pode substituir 
a física, aí sim a virtual substituirá as demais", pondera.

Nos Estados Unidas, tablet é obrigatório
Países como os Estados Unidos levam ao pé da letra as ditas vantagens do uso 
das tecnologias em sala de aula. Em janeiro, a agência de notícias EFE noticiou 
que uma escola particular, Webb School of Knoxville, de ensino fundamental e 
médio, no estado do Tennessee, exigiria o uso de iPads (marca do tablet lançado 
pela Apple) para estudantes entre 8 e 18 anos.
O objetivo do colégio, com a medida, é o de substituir os livros didáticos 
pelos tablets eletrônicos. Os estudantes que não tiverem dinheiro para comprar 
um desses equipamentos terão a possibilidade de alugá-lo.
Professores da Webb School comemoraram a decisão pelo fato de ampliar, na visão 
deles, a possibilidade do ensino com o auxílio dessa nova tecnologia. Outras 
instituições educacionais nos Estados Unidos (Seton Hill University e 
Universidade de Notre Dame) também anunciaram cursos exclusivamente por meio de 
iPads, de acordo com a reportagem da EFE. (Udo Simons)

Questões de direito
Um fator que pode gerar custos adicionais e exige maior atenção das 
instituições de ensino no uso dos tablets é a questão do acesso ao conhecimento 
sem infringir as leis de direitos autorais, alerta o presidente da Abed, 
Frederic Lito.
Para não haver complicações futuras, a Estácio de Sá fez acordo com a 
Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos (ABDR), entidade que reúne as 
diversas editoras brasileiras em defesa dos direitos autorais e editoriais. A 
integração de currículos das instituições de ensino da rede da Estácio em todo 
o país facilitou a parceria. Ao integrar os currículos, aumentou de forma 
significativa o volume de bibliografias requisitadas pela instituição, tornando 
a parceria um negócio atraente para a ABDR.

Fonte: http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12758


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