Arquivando diversão para a eternidade
Felipe Marra Mendonça


A  Biblioteca Britânica quer a criação de uma lei para completar seu acervo
de jogos de videogame


Desde  1662,  uma  lei  inglesa  requer  que  pelo  menos uma cópia de cada
publicação  seja  enviada  para  a  Biblioteca  Britânica  para então ficar
arquivada  em uma das mais completas coleções do mundo. Agora, a biblioteca
pretende  aplicar  o  mesmo  zelo colecionador à indústria dos videogames e
conta  com  a  ajuda  do  governo  em  criar  uma lei semelhante. Assim, os
produtores  de  jogos  teriam  de  enviar  cada  título  produzido  para  a
instituição.


 Paul Wheatley, especialista em preservação digital da biblioteca, disse em
entrevista  ao  Independent  que a instituição tem interesse em arquivar os
milhares  de  jogos  já  produzidos  no  Reino  Unido nos últimos 30 anos e
expandir  o  trabalho  feito pelo Arquivo Nacional de Videogames. “Gostaria
que  a  Biblioteca  Britânica apoiasse o arquivo com a nossa experiência na
preservação de arquivos digitais”, disse Wheatley.


Criado em parceria pela Universidade de Nottingham Trent e o Museu Nacional
de  Mídia  em  1998,  o  arquivo  tentava  diminuir um processo de perda da
história  da  indústria  nacional de jogos, principalmente no período entre
1970  e  1990.  “A  indústria de videogames reconhece o valor intrínseco da
preservação  dos  jogos  e  muitos  executivos  do  setor com os quais tive
contato contaram histórias horríveis de materiais mais antigos simplesmente
desaparecendo  ou  se  estragando  dentro  de  uma caixa debaixo da mesa de
alguém”, disse o arquivista Wheatley.


Essa perda também é apontada pela presidente da biblioteca, Lynne Brindley,
que disse que o país enfrentava um buraco negro de informações perdidas com
a digitalização cada vez maior de arquivos. Michael Rawlinson, líder de uma
associação  de  empresas do setor, disse que “um arquivo é bom tanto para a
nostalgia como para nos conectar com nossa história e nos ajudar a entender
nossa  cultura com base em nosso passado. É absolutamente correta a criação
de um arquivo amplo”.


Alguns  críticos  acreditam  que arquivar videogames não deve ser tarefa da
Biblioteca  Britânica  e  que  ainda  não  é  possível  saber quais títulos
deveriam  ser guardados, já que muitos seriam irrelevantes daqui a décadas.
De qualquer forma, a ideia da biblioteca é interessante, principalmente com
o desaparecimento iminente dos jogos mais antigos. A preservação da memória
digital  de um país é tão importante quanto a manutenção dos seus registros
impressos.


Outro  bastião  da  preservação  da  memória  digital é o Wayback Machine (
www.archive.org), excelente site que arquiva mais de 150 bilhões de páginas
da  internet.  Ele  tem  cópias  de  páginas  que  datam  desde  1996  e  o
arquivamento  continua. A Electronic Frontier Foundation, entidade sem fins
lucrativos  que  reúne advogados, analistas e especialistas em tecnologia e
que  tem como objetivo defender liberdades civis, avisa que um processo por
quebra de direitos autorais poderia acabar com o arquivo.


O  problema é que o arquivo só existe por simplesmente copiar páginas, algo
teoricamente  ilegal.  Digamos  que  uma  organização  como a Associação da
Indústria Fonográfica dos Estados Unidos (RIAA), notória por processar quem
troca arquivos de música, processasse o Wayback Machine e vencesse a causa.
O  site teria de pagar até 90 milhões de dólares e todos os outros donos de
páginas  poderiam  fazer o mesmo. O arquivo acabaria devendo cerca de 2 mil
vezes o valor da dívida interna americana.


FONTE:                 Revista                 Carta                Capital
http://www.cartacapital.com.br/tecnologia/arquivando-diversao




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