O discurso da produção de artigos em C&T

A  midia desenvolvimentista tem repercutido neste 
final de 2010 um artigo da Science* , de sete 
páginas, que informa que entre 1977 e 2007 o 
número de artigos em ciência e tecnologia 
publicados por pesquisadores brasileiros mais que 
dobrou estando na casa de 19 mil artigos ao ano.

Contudo de acordo com dados do site do INPI *, no 
Brasil houve nos mesmos dez 10 últimos anos entre 
, também, 1997 à 2007,  somente um aumento 16 % 
no total de patentes depositadas no INPI por 
todos os brasileiros trabalhando em  em 
universidades,laboratórios de pesquisa, empresas, tudo.
( <http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/instituto/estatisticas-new-version>)

Do total de 6.700 patentes foram depositadas em 
2007por residentes no país e 80 % delas vieram da 
região sudeste e em quase sua totalidade do setor 
público.A contribuição do setor privado é 
irrisória. E isso vale para os dez anos estudados.

É inevitável a pergunta: qual é o conteúdo dos 19 
mil artigos indicados pela Revista Science?  Se é 
conteúdo de pesquisa, esta não esta se revertendo 
em patentes. Ou então esta pesquisa em C&T  está 
completamente desassociada da inovação ou, 
talvez,  o grau destes estudos pesquisados é de 
qualidade tão superior a densidade da 
infraestrutura existente no nosso sistema 
produtivo que  não pode ser engenheirada no país.

A vasta maioria da produção em C&T pode estar se 
dirigindo, ainda, para estudos de reflexões 
teórico-filosóficos o que é bastante 
louvável,  mas estranho em um pais com a grande 
necessidade de aprimorar diversos setores de sua 
infraestrutura educacional, de saúde, transportes, indústria, e serviços.

Esta questão toda nos leva ainda ao problema, 
também em evidência, dos repositórios de 
informação livre, do qual somos defensores 
acirrados. Mas estes estoques privilegiados 
parecem não estar levando a produção da pesquisa 
nacional a gerar conhecimento aplicado e com um 
retorno em inovação para a sociedade.

Existe uma flagrante falta de conexão entre 
produção científica brasileira em pesquisa e o 
desenvolvimento e  a utilização destes resultados 
pela indústria e serviços,  o que tem sido um 
problema contínuo no país. O setor de produção 
privado investem muito pouco em pesquisa e 
desenvolvimento, em média menos que 1 % de seu 
faturamento. A pesquisa que beneficia o setor das 
empresas é feita com recursos do governo e em 
laboratórios do governo, ainda que,  a maior parte dela não seja patenteável.

Assim  existe uma grande  diferença entre o 
discurso bem intencionado da produção cientifica 
e uma verdadeira ação de inovação proveniente 
deste discurso. Mesmo que ele venha com o poder 
de sedução e convencimento de uma "Science". O 
discurso da apropriação da inovação pela 
sociedade é de fácil enunciação, tanto no 
falatório da tribuna como nos planos programa e 
textos escritos;mas, são estoques estáticos  de 
uma arquitetação intelectual que não modifica nada.

O discurso da ação opera no vazio é só uma 
promessa de verdade. Não muda a realidade.


*"Science" - Brazilian Science: Riding a Gusher, 
Science de  3 de Dezembro de 2010
http://www.sciencemag.org/content/current#ThisWeekinScience

INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial



Aldo de A Barreto

















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