Por que eu não acredito em Papai Noel, Saci Pererê e DRM
Autor: Carlo Carrenho.
Fonte: 
http://www.tiposdigitais.com/2010/11/por-que-eu-n%C3%A3o-acredito-em-papai-noel-saci-perer%C3%AA-e-drm.html
 A utilização ou não de DRM (Digital Rights Management) em e-books é uma 
questão bastante polêmica. A maior parte dos editores defende o uso da trava 
anti-cópia, receosos de que a pirataria tome conta. Outros defendem o 
consumidor honesto e acham que ele não deve ser penalizado para evitar a ação 
dos pilantras virtuais. Muitas vezes, a discussão ganha ares filosóficos, com 
referências a conteúdo livre, open platform e até um ranço socialista.

Olhando o lado do editor, ele se encontra diante de uma escolha de Sofia com 
três opções:

  1.. Utilizar DRM, ganhando certa proteção em relação à pirataria, mas 
prejudicando vendas ao oferecer um produto pouco amigável e flexível.
  2.. Publicar e-books sem nenhuma trava, agradando e facilitando a vida do 
público (que ainda é um pouco avesso ao conceito do livro digital), mas 
correndo o risco da pirataria.
  3.. Aceitar um modelo proprietário e restritivo, como o da Amazon, com um DRM 
discreto que não prejudica o consumidor, uma vez que não envolve a complexidade 
da utilização em vários devices diferentes.
Como se vê, trata-se de uma escolha cruel.

Minha abordagem à questão é bastante prática. Como não existe um DRM eficaz, 
acho que o mesmo não deve ser utilizado. Qualquer DRM é facilmente quebrado, 
seja por softwares profissionais seja por adolescentes com uma mínima 
intimidade com um computador. Sendo esta a realidade, para que punir o 
consumidor honesto? Na prática, hoje, o DRM serve apenas para irritar o 
cliente, pois o pirata vai copiar de qualquer jeito.

Eu, por exemplo, prefiro ler no Kindle, mas os livros digitais que adquiri nas 
e-bookstores da Saraiva, Cultura e Sony, que utilizam o DRM da Adobe Editions, 
não podem ser abertos no e-reader da Amazon por dois motivos. Primeiro, porque 
o Kindle não lê o formato ePub destas lojas. Segundo, porque os arquivos 
possuem DRM. Como eu queria ler meus livros no Kindle e também porque queria 
testar a segurança do DRM da Adobe, me propus o desafio de converter meus ePubs 
para o formato mobi da Amazon.

O primeiro desafio, converter de ePub para Mobi, era muito simples. Bastou eu 
usar o software Calibre, gratuito, que serve para criar e-books. O software até 
já transfere os e+books para dentro do Kindle sem necessidade de transferir 
arquivos manualmente. Mas e o DRM? Era preciso retirar a trava, uma vez que o 
Calibre não converte arquivos DRMizados.

Menos de meia hora no Google me revelaram duas soluções. A primeira é o 
software ePub DRM Removal, que custa US$ 29,90, e possui uma versão para testes 
gratuita. É fácil demais, o software funciona perfeitamente e não exige nenhum 
conhecimento técnico. A segunda opção, gratuita, é mais complexa e exige um 
pouco de conhecimento de informática. Trata-se de um software chamado Python. 
Para efetuar a desDRMização, é necessário instalar dois programas e copiar 
alguns arquivos da Internet, mas o link acima permite que todos os arquivo 
sejam baixados em um pacote com instruções.

Testei os dois processos e estou lendo meus livros perfeitamente no Kindle. Até 
assusta. Vale lembrar que não é crime nem contravenção destravar e-books. Crime 
é distribuí-los ou copiá-los.

Concluindo, o DRM não faz sentido. Seu custo é alto demais e sua eficiência não 
resiste à meia hora de Google de um dinossauro da informática de 38 anos como 
eu. O mercado editorial terá de achar soluções mais criativas para sobreviver e 
evitar a pirataria.

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Prof. Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.
Universidade de Brasilia
Faculdade de Ciência da Informação (FCI)
Brasilia, DF 70710-900 Brasil
Blog: http://a-informacao.blogspot.com/

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