A informação o discurso e o poder

Três são os discursos de poder com estatuto e com grande influência e força social: o discurso político, o discurso dos meios de comunicação e o discurso da ciência e da tecnologia. O discurso político se referencia ao poder, por
relacionar-se à construção, ou modificação do fato social e do fato econômico.

O discurso dos meios de comunicação, ao lidar com a formação ou deformação da opinião pública, detém a sua parcela de poder. A qualidade da informação, que esta sendo legitimada vai depender da velocidade com que se processam os eventos na cadeia de acontecimentos relativos a publicidade do conhecimento. A opinião do público a quem se direciona o discurso é que vai lhe conferir ou não a legitimidade e aceitação.

A opinião pública é o resultado esclarecido da reflexão conjunta. Daí resulta o postulado da publicidade como princípio: o uso público da própria razão deve ser sempre livre e só isso pode fazer brilhar as luzes entre os homens. Cada um deve poder ser um publicador que fala ao público propriamente dito, ao mundo.

O discurso da ciência e tecnologia torna-se um discurso de poder por conta da esperança que coloca no destino do homem. A "sociedade dos discursos de informação" é uma esperança técnica de distribuição da informação para todos; a sociedade do conhecimento é uma utopia do saber compartilhado.

O discurso da ciência e da técnica é o único que pretende prever o futuro e, ao fazê-Io, desloca o homem no espaço e no tempo, sugerindo almejadas promessas de uma vivência desejada. É assim o discurso da inovação tecnológica, da maior produtividade dos insumos, da qualidade e da inclusão no bem-estar social.

Como todos os outros, o discurso da ciência e tecnologia é só uma peça de informação. Porém, raramente, utiliza a informação para produzir um maior conhecimento comum na sociedade. Seu objetivo é a mensagem direcionada a setores específicos, onde a informação participa comportada e na medida exata. A sua intenção é produzir
interesses de curto prazo.

Por ser de estrutura e de tamanho adequado, estes discursos alcançam, algumas vezes, o status de divulgação científica nos meios de comunicação massiva, o que certamente, além de divulgar a ciência e a tecnologia, reforça o seu poder.

A infra-estrutura que permite a existência dos discursos em C&T é um enorme repositório de saber acumulado, diligentemente organizado, classificado e gerenciado por especialistas em uma faina diária e rotineira. Estes especialistas possuem a chave dos grandes estoques de conhecimento potencial e controlam o segredo das portas do saber acumulado, entretanto não possuem o poder correspondente.

Investe-se de poder autoridade (substantivo) quem tem a condição de exercer, na transferência da informação, a ação de comunicação com convencimento público, e não, necessariamente, quem prática a organização da informação ou a cria. A estes se associa, pelo menos, o poder em sua condição verbal: ter a faculdade de decidir
por si o próprio destino.

Apesar de, no dizer de Bakhtin: "ninguém é herói de sua própria vida". "Somente posso me constituir como herói no discurso do outro. O outro que esta de fora é quem pode dar uma imagem acabada de mim e do acabamento." *

Aldo de A. Barreto

* Baktin - outros conceitos, Breth Brait (org), Contexto, SP


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