Acesso à internet é mais caro no Brasil

Entre os emergentes, País é o que cobra maior preço de banda larga

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 5/10/2008

URL: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081005/not_imp253738,0.php

Daniele Carvalho

O forte crescimento da utilização da banda larga para acesso à internet 
ainda não se converteu em redução de preços para o consumidor no País. 
Levantamento feito pela consultoria IDC coloca o Brasil no topo da lista dos 
países com tarifas mais altas, entre os emergentes. Os custos pesam no bolso 
dos clientes, que fazem conexão tanto por meio da tecnologia oferecida pelas 
operadoras de telefonia fixa (ADSL) como pela das TVs por assinatura (cable 
modem).

A pesquisa, que usou como parâmetro as velocidades mínimas e máximas 
oferecidas em cada mercado, levantou o custo final para o consumidor no 
Brasil, Argentina, Chile, Rússia e República Tcheca. "Não seria justo 
comparar o Brasil com países desenvolvidos, onde o mercado já está mais 
maduro",explica o analista em telecomunicações da consultoria, Vinícius 
Caetano. Por isso, a o estudo definiu um perfil de países a serem 
observados. "Resolvemos, então, fazer uma avaliação junto a países 
emergentes da América latina e do Leste Europeu."

Ao pesquisar 15 provedores de banda larga no Brasil, a consultoria apurou 
que o custo médio para a velocidade mínima, de 128 quilobits por segundo 
(Kbps), oferecida no mercado pela conexão por operadoras de telefonia fixa 
era de US$ 30 em julho deste ano. Já no Chile, onde a velocidade mínima é 
mais que o dobro da brasileira (300 Kbps), o preço era de US$ 34,71. Na 
vizinha Argentina, 512 Kbps saíam por US$ 27, 05.

O descompasso é ainda maior quando confrontados os dados do Brasil com os 
dos países europeus em desenvolvimento. Na Rússia, por exemplo, a velocidade 
mínima é de 1 megabit por segundo, com preço médio de US$ 14,64. Já na 
República Tcheca, paga-se US$ 17,68 por 2 megas de conexão.

"No acesso mínimo de banda larga, o Brasil ainda oferece conexão de 128 Kbps 
, que já é ultrapassada em vários países. E, mesmo assim, o custo é maior 
que o de conexões com maior velocidade", comenta Caetano.

A diferença de preços também é grande quando se avalia os produtos mais 
sofisticados, voltados para clientes de classe A. No Brasil, a velocidade 
máxima oferecida no varejo, de 20 megas, exige desembolso mensal de US$ 300. 
Na Argentina, 5 megas saem a US$ 46,80. No Chile, por 6 megas paga-se US$ 
59,70. Os internautas tchecos pagam por 8 megas de conexão ADSL US$ 53, 
enquanto que os russos desembolsam cerca de US$ 38 por 6 megas de conexão.

"Se na conexão mínima estamos em desvantagem na oferta de serviço, na 
máxima, já chegamos a 20 megas. Os demais países ainda oferecem acessos que 
ficam em torno de 5 a 8 megas. O preço cobrado no Brasil, no entanto, é 
proporcionalmente mais alto que nos países estudados", acrescenta o analista 
da IDC.

VIA CABO

A situação não é diferente no acesso por cabo. No Brasil, o preço mínimo, 
para 200 Kbps, é de US$ 32,60. Já os argentinos pagam US$ 15,90 por 640 
Kbps, e os chilenos, US$ 38,70 por 1 mega. "Na conexão máxima, as empresas 
brasileiras cobram US$ 130 por 12 megas. Na Argentina, 10 megas tem preço 
médio de US$ 191, que no Chile saem por US$ 69,40", revela Vinícius Caetano.

A indústria nacional do setor aponta a carga tributária como o principal 
vilão dos preços do acesso à internet banda larga. De acordo com o 
presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet), 
Eduardo Parajo, a taxação na atividade de telecomunicações chega a 43% dos 
custos. "Assim fica difícil sair ganhando na comparação das tarifas", diz 
Caetano.

Parajo admite, no entanto, que ainda há pouca concorrência no setor, o que 
reduz a necessidade das empresas de oferecer preços mais competitivos. De 
acordo com ele, esta disputa poderia ser motivada por meio da redução da 
carga tributária ou diminuição da tarifa de importação de produtos para o 
setor, que segundo ele chega a 100%.

"Estas medidas poderiam atrair mais investidores para o mercado", defende 
ele. O analista da IDC observa que ainda há pouca concorrência no serviço de 
banda larga, mas acrescenta que outro motivo para o encarecimento do serviço 
de banda larga pode estar nas dimensões continentais do País.

"Além disso, o grau de penetração do serviço ainda é baixo no Brasil, de 
13%. Em alguns dos países comparados chega a 30%", diz. "Temos que levar em 
conta que isto faz uma grande diferença porque o custo fixo se mantém 
estável", argumenta Caetano.



=============
Prof. Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.
Universidade de Brasília/Dept. Ciência da Informação e Documentação
Campus Universitário
Brasília, DF  70900-910 Brasil
blog: http://a-informacao.blogspot.com/ 


_______________________________________________
Bib_virtual mailing list
Bib_virtual@ibict.br
http://listas.ibict.br/cgi-bin/mailman/listinfo/bib_virtual

Responder a