Folha de São Paulo
Ilustrada 15/09/2008

China inaugura biblioteca monumental
Raul Juste Lores

Uma longo retângulo suspenso de 120 metros de comprimento em aço 
escovado e vidro é a marca do novo prédio da Biblioteca Nacional da 
China. Inaugurado nesta semana, o anexo que custou o equivalente a R$ 
350 milhões demonstra que obras de impacto continuam a mudar a paisagem 
mesmo após a Olimpíada.
A Biblioteca virou a terceira maior do mundo com a nova construção. O 
antigo prédio, que não pode sofrer reformas por ser patrimônio nacional, 
guarda os tesouros da instituição e só pode receber visitas de 
acadêmicos e pesquisadores.
O anexo é para o público geral --e feito para impressionar. Com 80 mil 
metros quadrados, tem 2.900 assentos, 460 computadores e oferece acesso 
à internet sem fio (wi-fi).
Os usuários podem usar leitores de livros digitais em palmtops para 
acessar os mais de 200 mil gigabytes de arquivo digital da instituição.
O teto do retângulo que abriga a Biblioteca Digital é de vidro, o que 
permite o uso de luz natural na maior parte do tempo. A base do prédio é 
em pedra -mas o revestimento interno da principal sala de leitura, de 
três andares, é de madeira, como nas antigas bibliotecas.
O escritório de arquitetura alemão Engel e Zimmermann, que desenhou a 
obra após vencer um concurso internacional, projetou um prédio para 12 
milhões de livros, ainda que a biblioteca tenha sido aberta com 600 mil. 
"A obra tem a capacidade para o crescimento da biblioteca nas próximas 
três décadas", diz o bibliotecário-chefe, Zhan Furui.
Literatura controlada
No último andar, que possui centenas de jornais e revistas para 
consulta, não há uma única publicação estrangeira. Também não há nenhum 
livro em inglês na nova biblioteca.
"Os livros em inglês ficam no velho prédio, onde o acesso é restrito. 
Aqui, só em chinês", diz o bibliotecário Li Bin. Apesar da modernidade, 
a nova biblioteca mantém a política de controle de informação cara ao 
Partido Comunista.
São raros os locais de Pequim onde se encontram revistas estrangeiras. 
Quando há alguma reportagem crítica à China, os exemplares são recolhidos.
Encomendas feitas à Amazon podem levar meses. Os pacotes são abertos 
pelo correio, que apreende livros sensíveis. A censura proíbe livros que 
falem sobre a repressão na Praça da Paz Celestial ou no Tibete, sobre a 
seita Falun Gong ou sobre direitos humanos.
Livros que tratem de sexo e erotismo são proibidos e chamados de 
"poluição espiritual". São os casos de obras que narram as aventuras 
sexuais de jovens chinesas, como "Shanghai Baby", "Beijing Doll" ou 
"Candy", e que viraram best-sellers no exterior.
No ano passado, a autora Zhang Yihe liderou uma campanha pela internet, 
sem sucesso, pelo fim à censura. Seus três livros, que contam o drama 
dos chineses durante a Revolução Cultural, são proibidos no país.
O Escritório Geral de Imprensa e Publicações é responsável pela censura. 
A saída é a produção e distribuição clandestina de livros --estima-se 
que 60% dos livros que circulam na China sejam piratas. Calcula-se que 
haja cerca de 4.000 editoras clandestinas.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u444941.shtml
Veja a foto: http://diversao.uol.com.br/album/ap_apm_20080913_album.jhtm


_______________________________________________
Bib_virtual mailing list
Bib_virtual@ibict.br
http://listas.ibict.br/cgi-bin/mailman/listinfo/bib_virtual

Responder a